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Quinta-feira, 18 de julho de 2024

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Materazzi: "Não sou amigo de Zidane mas não nutro ódio ou rancor por ele"

Oito anos depois de receber a famosa cabeçada no peito desferida por Zidane, Materazzi não demonstra arrependimento de ter provocado o craque francês. Na entrevista para o Esporte Espetacular, o ex-zagueiro campeão do mundo com a Itália falou sobre a polêmica final e sobre o fatídico lance. O italiano hoje é técnico e também  comentou sobre a tríplice coroa conquistada na Internazionale de Milão e também sobre os amigos brasileiros que colecionou ao longo da carreira.


O pequeno "M" próximo ao polegar da mão esquerda, de contornos quase infantis, foi o primeiro desenho, há mais de 20 anos. Hoje, aos 41, Marco Materazzi diz ter perdido as contas de quantas tatuagens vieram a seguir. São dezenas delas por todo o corpo, várias com referências a grandes momentos da carreira. Mas ainda há espaço para mais, ele diz, já projetando glórias na nova carreira de treinador, iniciada neste ano. Materazzi dirigiu o Chennayin, que foi eliminado na última terça-feira na semifinal da Indian Super League depois de fazer a melhor campanha da primeira fase.   

O italiano jamais foi um extra-classe do futebol mundial, como ele mesmo admite. Mesmo assim, viveu uma experiência que poucos jogadores puderam experimentar - o protagonismo  em uma final de Copa do Mundo. Primeiro, ao marcar de cabeça o gol de empate na decisão contra a França, em 2006. Depois, ao provocar o lance mais emblemático daquele Mundial, a cabeçada de Zidane que atingiu em cheio seu peito e que se tornou o último gesto do gênio francês num campo de futebol.   

A agressão foi relatada em biografias lançadas pelos dois jogadores, ambas contando a mesma história. Eram três minutos do segundo tempo da prorrogação. Em um lance de ataque da França, Materazzi puxou a camisa de Zidane. O francês não gostou e ironizou o italiano, dizendo que poderia presenteá-lo com sua camisa após a partida. Materazzi respondeu com um insulto, "prefiro a p... da sua irmã", e recebeu a cabeçada.   

Como é a sua relação com Zidane hoje em dia?   

- Não somos amigos. Mas não nutro rancor ou ódio por ele. Ao contrário, tenho muito respeito por alguém que é um grande campeão, é um colega, porque, afinal, ele é um campeão do mundo, como eu. São coisas que acontecem em qualquer campo, em qualquer 'oratório', como se chama na Itália, em qualquer favela. O mais importante é que eu ganhei a Copa.   

Qual sua maior lembrança daquele dia?   

- A primeira coisa que vem a minha mente é a hora em que levantei a taça. Foi o maior momento da minha carreira. Quando você pensa que no seu país, pequeno mas de grande tradição no futebol, só umas oitenta pessoas podem dizer 'eu venci o Mundial pela Itália'... Então esse é o maior motivo de orgulho que um jogador pode ter. Mas não me sinto um herói, sou uma pessoa normal, simples. Talvez  a coisa mais bonita seja essa: permanecer simples ao ser grandioso.   

Em 2010 você chorou ao se despedir de José Mourinho, técnico que o comandou nas conquistas da Liga dos Campeões, do Campeonato Italiano e da Copa da Itália pela Internazionale naquele ano. Por que se emocionou tanto?   

- José me permitiu, mesmo já com 37 anos, vencer tudo o que se pode vencer. Quando você quer aprender, crescer, e encontra pessoas sinceras, que falam na cara, pode até não ser escalado, mas conquista um amigo. Naquelas circunstâncias, naqueles dois anos, conquistei um amigo, que é José, e quando essa pessoa vai embora te deixa um vazio, um vazio que um ano depois, infelizmente, fez a equipe cair de rendimento.   

O que pensa do Brasil?   

- Eu amo o Brasil, estive lá no final da Copa do Mundo. Em dez dias pude ver o interesse que há pelo futebol. Em Copacabana e Ipanema se vêem vários campos na praia, isso é um sonho para qualquer menino. Sou amigo de Roni (Ronaldo Fenômeno), acho que foi o melhor jogador que houve, não digo porque é meu amigo, mas porque o que ele fazia talvez só Maradona, talvez Messi... Gosto do Brasil, amo o Brasil, não vejo a hora de ir de novo. Terei um prazer enorme em ir com toda a família, também porque é a cidade do Julio César (goleiro), que é um irmão, uma pessoa com quem dividi tantas vitórias. Espero, repito, poder ir ao Brasil em breve, porque é um povo fantástico e alegre. E a coisa mais bonita, sempre sorridente.   

Por que você considera Ronaldo "o melhor jogador que houve"?

- Porque Roni era um jogador podia vencer uma partida sozinho. Absolutamente. Me lembro na Copa de 2002, fez oito gols e ganhou a Copa, não digo sozinho, mas quase. Somente os problemas físicos lhe tiraram a possibilidade de vencer três Copas como Pelé. Porque na Copa da França se ele estivesse bem a música teria sido outra.   

Qual sua opinião sobre Neymar?

- Conheço Neymar, é um menino excepcional, é um campeão, um fenômeno, espero que possa render como está fazendo agora no Barcelona, diferentemente do ano passado quando era... (gesticula com um sinal de mais ou menos). Ney chegou um pouco tímido ao Barcelona, talvez. E foi assim também na Copa do Mundo, quando era um dos que poderiam ter conduzido o Brasil. Depois cresceu no Barcelona, quase ao nível de Messi, e pode melhorar ainda mais.
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