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Quinta-feira, 18 de julho de 2024

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Racha no São Paulo é motivado por disputa pelo poder no futebol

Embora tenham sido protagonistas do clima de tensão que rondou a vitória do São Paulo sobre o São Bento, na última quinta-feira, no Morumbi, Muricy Ramalho e a maior torcida organizada não passam de elementos importantes, instrumentos de uma disputa por status, prestígio e poder que domina o São Paulo. Quase um roteiro folhetinesco.

 

A questão não se resume a uma cisão entre os que apoiam o técnico e os que desejam derrubá-lo. É mais ampla e tem foco no comando do departamento de futebol, hoje nas mãos do vice-presidente Ataíde Gil Guerreiro. No São Paulo Futebol Clube, o “Futebol”, evidentemente, é a cereja do bolo. Todos procuram um mínimo espaço para palpitar, aparecer, crescer. E é aí que a blindagem imposta por Guerreiro incomoda muita gente.

 

Ele protege jogadores e comissão técnica a qualquer custo. Isso não tem a ver com resultados. O dirigente também não está satisfeito com o rendimento do time em 2015 e cobra, mas não permite que outros se intrometam. Para ele, é simples: da mesma forma que não dá pitacos em outros departamentos, como o marketing, também não aceita intervenções.

 

Desde que foi nomeado para o cargo, o vice-presidente se envolveu em entreveros com outros cartolas. Um deles é José Edgard Galvão, chefe de gabinete de Carlos Miguel Aidar. Quando o presidente demitiu Juvenal Juvêncio e seus homens de confiança do CT de Cotia, estrutura que abriga as categorias de base do São Paulo, Galvão, que nas gestões de Juvenal era nome forte no departamento jurídico, se apresentou no local como substituto de José Geraldo de Oliveira, antigo gerente da base.

 

Ataíde soube e, imediatamente, desautorizou Galvão. Deixou claro que quem mandava no futebol era ele. Posteriormente, o clube contratou Júnior Chávare, ex-Grêmio, para ser um executivo e comandar a formação de jogadores.

 

Se a blindagem incomoda outros dirigentes, Ataíde é visto como uma espécie de herói por jogadores e comissão técnica. Apesar de duro, às vezes até “sincero demais”, de acordo com relatos, ele tem feito das tripas coração para evitar um desgaste ainda maior e a metástase da crise pelo CT da Barra Funda.

 

Na semana passada, ao saber que o clube permitiria a entrada da torcida organizada no local para acompanhar o treino na véspera do clássico contra o Corinthians, ele transferiu a atividade para o Morumbi. Lá, os fanáticos não teriam como intimidar o grupo, pois haveria uma distância física suficiente para tranquilidade.

 

Na última quarta-feira, Ataíde peitou quem fosse preciso para que o dinheiro em caixa não tivesse outro destino senão o bolso dos jogadores, que não recebiam direitos de imagens há dois ou até três meses. Só que o futebol, que tanto quer paz para trabalhar, tem dado brechas para receber influências externas.

 

A principal delas é o péssimo rendimento da equipe, que desde 2009, sob o comando do mesmo Muricy, não iniciava uma temporada tão cercada de boas expectativas. O time não embala, os jogadores não rendem e a “cornetagem” aumenta. Outra lacuna foi aberta pelo próprio Ataíde ao declarar que nem se jogasse de portões abertos o São Paulo conseguiria levar bom público ao Morumbi. Pegou mal e ele virou alvo das organizadas.

 

Nesse contexto, causa mal-estar a aproximação de dirigentes com a Independente. Edgard Galvão, por exemplo, é figurinha carimbada, conhece seus diretores e transita naturalmente no ambiente. Recentemente, Aidar atendeu uma ligação do presidente da organizada diante dos jornalistas e, depois, apareceu em fotografia ajudando um de seus membros nos últimos retoques para o desfile de carnaval.

 

Por sinal, Aidar e Galvão representaram o São Paulo na reunião da última segunda-feira, na secretaria de segurança pública. Nela, o poder público pressionou os clubes a imporem limites na relação com as organizadas, foco de violência na opinião das autoridades.

 

A soma dos fatores e as críticas direcionadas a Ataíde e ao gerente executivo Gustavo Oliveira, outro elogiado dentro do CT, cria um cenário de desconfiança que Aidar tentou camuflar com uma nota oficial que fala em “unanimidade de diretoria”, algo que não se vê no Morumbi. Tudo passa pela melhora da equipe dentro de campo. A partida da próxima quarta-feira, contra o San Lorenzo, será fundamental para a temporada inteira.

 

Para Muricy, quanto menos o presidente e outros dirigentes, que não forem aqueles do departamento de futebol, aparecerem no CT, melhor será.

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