Uma nova era no Palmeiras teve início na tarde desta terça-feira. Depois de muita expectativa, Marcelo Oliveira chegou à Academia de Futebol como substituto de Oswaldo de Oliveira no comando do Verdão.
Apresentado pelo presidente Paulo Nobre, o treinador recebeu das mãos de um associado Avanti um livro sobre a história do clube e uma camisa com o número 100 e seu nome nas costas. Ele agradeceu sua primeira oportunidade no futebol paulista e falou sobre a história palmeirense.


– Estou honrado e orgulhoso de estar me apresentando ao Palmeiras, uma instituição gloriosa e de muitos títulos. Por isso que é chamada de Academia. Enfrentei como atleta muitas vezes, um time brilhante, e depois como treinador também. Até pensei em algum momento dar alguma descansada, mas fiquei muito impressionado e estimulado com o projeto do Palmeiras – disse.


– Estou chegando com muito entusiasmo, entendendo que a gente pode fazer coisas importantes pela combinação de aspectos. O Palmeiras tem tradição, camisa, uma torcida que comparece, que empurra o time. Formou um elenco de boa qualidade técnica. A partir daí viemos com objetivo de fazer história no clube. Que a gente possa fazer um grande trabalho com a comissão, diretoria e atletas – completou o treinador.

Com nove pontos, o Palmeiras ocupa a 12ª colocação do Campeonato Brasileiro. Mas, o pensamento no clube é a parte de cima da tabela. Após elogiar o trabalho de Oswaldo de Oliveira, Marcelo Oliveira traçou o novo planejamento do Verdão para a sequência da temporada.


– O Oswaldo é um grande treinador, fez um grande trabalho. Vou dar sequência, mas com as minhas convicções, os meus conceitos. Primeiro precisamos fugir lá debaixo, procurar o G-4, entrar no G-4 e depois pensar em título – afirmou.


Na última segunda-feira, Marcelo assinou contrato com o Palmeiras. O vínculo será válido até o fim de 2016. Além do treinador, atual bicampeão brasileiro, chegam ao Verdão os auxiliares Tico do Santos e Ageu Gonçalves, e o preparador físico Juvenilson de Souza. 


Veja os principais tópicos da coletiva de Marcelo Oliveira

Chegada ao Palmeiras


Agradeço esse momento, estou absolutamente honrado, orgulhoso de estar no Palmeiras. Uma instituição grandiosa, de muitos títulos, 11 nacionais, oito brasileiros... Enfrentei como atleta muitas vezes, um time brilhante, e como treinador também. Até pensei em dar uma descansada depois de dois anos e meio no Cruzeiro, mas fiquei muito estimulado e impressionado com o projeto do Palmeiras. Chego com muito entusiasmo, entendendo que podemos fazer coisas muito importantes. Palmeiras tem tradição, camisa, uma torcida impressionante, que comparece, é fiel, empurra o time. E formou um bom elenco. A gente vem com o objetivo muito claro de fazer história aqui. Que a gente possa em um trabalho em conjunto obter bons resultados e vou trabalhar intensamente para que isso aconteça.


Motivação para o acerto


Depois de dois anos no Coritiba e mais dois e meio no Cruzeiro, disputando sempre as competições em condições de ganhar, eu pensei que pudesse ficar um pouco fazendo coisas que não vinha fazendo. Para ser técnico de grande equipe é preciso estar sempre intenso no trabalho. Eu me rendi à grandeza do clube, analisei o projeto do Palmeiras. Hoje tivemos uma reunião com a comissão permanente, me impressionei muito com as inovações. Sou adepto desse trabalho em equipe, isso é fundamental e muito importante para chegar ao objetivo final. Considerei muito o elenco. Pode ter elencos iguais no Brasil, mas talvez não tenha melhor do que o nosso. Precisamos formar um time forte, saber usar bem a presença do torcedor, é impressionante como é quando joga em casa. Vamos fazer esse aproveitamento alto em casa, que é muito importante. Vamos trabalhar muito, porque a força do trabalho e da união nos levará a buscar os títulos.


Encaixar o time é o trabalho agora?


Penso que o Palmeiras tem um trabalho básico deixado pelo Oswaldo, que é um grande profissional e uma pessoa muito digna. Vamos dar sequência nisso, colocando minha forma de ver futebol, meus conceitos. O trabalho agora é de fugir da parte de baixo e encostar no G4, aí sim estabelecer uma corrida para engrenarmos lá na frente.

Chegada do Leandro Almeida


É certo que ele trabalhou comigo, na base e no profissional, eu que dei as primeiras chances. É um atleta de muita qualidade e um profissional que gosta de trabalhar. Ele já estava sendo olhado pelo clube antes. Se confirmar a vinda, aí sim vamos fazer um grande trabalho.


Utilização do Valdivia


Ele pode ser positivo e útil para qualquer time. Ele não está aqui. Se ficar, é ótimo. Se não ficar, temos um elenco tão importante quanto, com jogadores que cumprem bem essa função.


Segurança ao acertar com o Palmeiras


Amizade com o Mattos está separada da relação profissional. O que me dá esse estímulo é da mesma forma quando cheguei no Cruzeiro, que vinha de temporadas ruins, formando um novo time e a perspectiva positiva. Não dá para trabalhar pensando que vai dar errado. Trabalho intensamente, lealmente, em equipe, buscando os melhores resultados. A combinação aqui é muito boa, o clube é um dos maiores vencedores do país. Temos que trabalhar muito e pensar que vamos fazer uma história tão bonita quanto fizemos no Cruzeiro.


Briga com o Cruzeiro por jogadores


Os dois times estavam montando os elencos, era natural que estivessem envolvidos porque são bons jogadores. Por serem bons, eram pretendidos por outros clubes também. Conheço o Robinho, Arouca nem se fala... Vamos formar um time, é uma engrenagem. Elenco com bons jogadores, conscientizar que todos são importantes. Sempre digo a eles que todos vão jogar, mas precisamos de um time, e esse time é uma engrenagem que precisa estar equilibrada. Quanto mais repetir a escalação é melhor ainda. Por mais que ensaie as jogadas, elas acontecem mais quando o time se conhece.


Desenho tático preferido


Eu vi o último jogo atentamente e via os outros. Eu gostei mais do segundo tempo e vi um comprometimento intenso do time, uma entrega total. Não penso que farei mudanças substanciais, mas uma coisa ou outra, uma ideia de jogo, pode ser. Trabalho com linha de quatro, dois volantes, times ofensivos. Tivemos o melhor ataque no Coritiba, Cruzeiro finalizava muito. Vamos colocando pouco a pouco. A forma de jogar é moldada de acordo com os melhores jogadores. Hoje precisa defender com muitos e ser agressivo quando possível.


Trabalhar em São Paulo


Sei do grande desafio que é estar no Palmeiras e da valorização que é estar em um mercado como São Paulo, por tudo o que representa. Me sinto preparado. Fui atleta e como técnico me sinto mais maduro a cada temporada.


Time briga pelo título?


Time está em formação, isso é óbvio. Às vezes consegue encaixar uma equipe nova. Mas vamos trabalhar para que isso ocorra o mais rápido possível. Houve uma oscilação natural do time. Mas ter chegado à final do Paulista foi importante, perdemos nos pênaltis. Vamos trabalhar para o time ser consistente em curto tempo. É possível brigar pelo Brasileiro, mas o objetivo principal agora é sair de baixo e aproximar do G4. Palmeiras tem o estádio, a torcida sempre vai em grande número, o projeto Avanti é impressionante como cresceu, e contamos muito com essa parceria. No Brasileiro é fundamental ter bom desempenho em casa, com essa parceria com o torcedor. E para empolgar o torcedor precisamos ter um time competitivo.


Interesse em Lucas Barrios


É um bom jogador, mas não costumo fazer comentários sobre jogador que não está no elenco. Se vier, será um bom reforço.


Vai enxugar o elenco?


Vamos resolver internamente. Temos jovens, isso é muito interessante fazer essas mescla dos mais experientes e vencedores com os mais jovens. Vamos misturar isso, para trabalhar todos com uma atenção idêntica. Eu primo por dar o mesmo conceito a todos, porque em algum momento quem não está jogando vai ser chamado.


Motivação de ser tricampeão brasileiro


Eu tinha essa motivação no Cruzeiro, que vai ser maior ainda aqui. É o sentimento natural do torcedor e do jogador. Quando o atleta é contratado e vê a história do Palmeiras, ele vem com esse sentimento. Cabe a mim reforçar essa ideia, com a comissão. É necessário o trabalho do grupo, a união, e sermos ambiciosos, principalmente no coletivo.


Semelhança do elenco com o Cruzeiro


Já vi ao longo da minha carreira no futebol elencos de grandes estrelas que não conquistaram nada porque não havia união e ambição. E já vi elencos medianos que se entregavam muito e tiveram grandes conquistas. Se tem elenco forte, com união, melhor ainda. Vejo o elenco aqui mais rodado do que aquele do Cruzeiro. Mas lá percebemos que poderíamos chegar já no Mineiro e fomos fortalecendo. Essa é a ideia aqui. Já tem um elenco experiente, isso facilita o trabalho.


Oswaldo caiu com bom aproveitamento


Prefiro ficar alheio a isso e concentrar minha energia no trabalho, contando com esse trabalho em conjunto, comissão e direção afinadas. Todos os funcionários aqui estarão integrados nesses projeto, principalmente os jogadores, que decidem em campo.


Pontos fortes e fracos do time


Eu não vi todos os jogos, o último vi com mais atenção. Os números indicam uma oscilação. Como tinha uma grande técnico aqui, eu tendo a entender e tenho certeza que foi isso, que foi o número de grandes jogadores que vieram, mas cada um dentro do seu estágio. Um vem sem jogar, o outro de lesão, outro do exterior... Precisamos criar um time mais equilibrado em todos os aspectos. Vamos aproveitar as coisas boas deixadas, colocar nosso trabalho e formar o time da forma como pensamos.


Forma de jogar


Penso que o time precisa marcar bem. Quem não marca, perde. Mas pode marcar com jogadores técnicos. Se conseguir isso, que esses jogadores técnicos participem bem da marcação, vamos ter a chance de fazer coisas muito boas com a bola. Meus times eram ofensivos, sempre com muitos gols, esse é um caminho, mas as estratégias podem mudar de jogo a jogo.

Utilização da base


Sou oriundo da base como atleta e como técnico. Tenho um carinho especial com jogadores da base. Recentemente usamos vários no Cruzeiro, como Wallace, Vinicius Araújo, Lucas Silva, Allison, Mayke, Eurico... Não tenho nenhum problema com a idade. Tenho carinho especial com a base, mas vamos usar os melhores em cada momento. Se for jovem ou mais experiente, terão a oportunidade. É importante essa integração com a base. Já é feito um pouco isso e vamos fazer esses coletivos com frequência.


Começar trabalho no meio do torneio


Gostaríamos de estar mais perto do G4, mas estamos só a quatro pontos. Temos de pontuar. A dificuldade é o início do trabalho com jogos próximos, mas podemos fazer da dificuldade a oportunidade, já que temos uma base montada. O segundo tempo domingo foi muito intenso. O Palmeiras fez um papel muito bom. Sempre mantenho o otimismo, o pensamento positivo que podemos equilibrar esse time e fortalecer. No Brasileiro, as dificuldades são para todos.


Participação do Mattos na chegada


O fato do Mattos ter trabalhado comigo quase dois anos é inegável, ele me conhece, sabe do meu trabalho, o acho um profissional muito dinâmico. Existe o entrosamento, uma relação de amizade, mas o profissional tem de estar acima.