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Quarta-feira, 17 de julho de 2024

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Mãe não culpa piloto por acidente que matou Fernandão: 'Errar é humano'

Foto: O Popular

Mãe não culpa piloto por acidente que matou Fernandão: 'Errar é humano'
O relatório final sobre a queda do helicóptero que matou o ex-jogador Fernandão e mais quatro pessoas, divulgado pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), tirou o sono da mãe do ex-atleta, Marli Ribeiro da Costa. Ela diz que aguardava o documento com ansiedade, mas esperava que ele apontasse uma falha mecânica, e não erros do piloto Milton Ananias.


“Eu estava muito ansiosa por esse laudo e fui dormir quase às 4h [desta terça-feira] após ter recebido a notícia. Eu acreditava que ele me traria respostas, mas não queria que ele apontasse falha humana, e sim no helicóptero. Mas o resultado me entristeceu ainda mais, pois o piloto era uma pessoa muito maravilhosa e jamais iria fazer algo para colocar meu filho ou ele mesmo em risco. Errar é humano”, disse em entrevista ao G1.

Segundo ela, Fernandão “confiava muito no piloto” e, apesar dos erros no voo citados pelo Cenipa, não o culpa. “Um ano e meio após o acidente fica fácil atribuir a responsabilidade a apenas uma pessoa. Mas meu filho respeitava e admirava muito o Milton. Por isso fico com uma dor enorme no coração pela família dele”, afirmou.

A queda do helicóptero que matou o ídolo do Goiás e do Internacional, Fernando Lúcio da Costa, de 36 anos, o Fernandão, aconteceu no dia 7 de junho de 2014, em Aruanã, a 315 km de Goiânia. Além dele e do piloto, também morreram Antônio de Pádua, conhecido como Bidó, primo do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSBD); Edmilson de Sousa Lemes, cabo da PM e presidente da Câmara Municipal de Palmeiras de Goiás; e Lindomar Mendes Vieira.

A aeronave caiu por volta de 1h30 logo após o grupo deixar um acampamento às margens do Rio Araguaia em direção à cidade. O helicóptero foi encontrado ainda próximo ao rio, em uma faixa de areia.

Segundo o relatório do Cenipa, Milton Ananias não havia feito o consumo de bebidas alcoólicas.Mesmo assim, ele errou ao fazer um voo noturno, já que não tinha habilitação para isso.

Ainda de acordo com o relatório, outra falha do piloto, que era muito experiente, pois trabalhou por dez anos na Polícia Militar, foi estender a jornada de trabalho além do que determinam as regras da aviação. Tudo isso, segundo o Cenipa, contribuiu para a queda do helicóptero.

Voo noturno
A mãe do Fernandão diz que, após ter tido acesso às informações, apenas se questionou sobre os motivos da escolha pelo voo noturno. “Fiquei pensando porque o piloto não alertou o meu filho de que era perigoso voar à noite e o convenceu a ir só na manhã seguinte. Até acho que essa foi sim uma falha dele, mas tenho certeza de que não foi intencional”, disse.

Com isso, ela afirma que não atribui a culpa pelo acidente ao piloto. “Eu tenho gratidão ao Milton pelo amigo que ele foi para o Fernando e toda a nossa família, então não o culpo. Ele era um ser humano incrível e também merece ter a memória preservada”, destacou Marli, que ressaltou que nada vai amenizar a dor da perda do filho. “Nada fará ele e as outras vítimas voltarem, então, apenas peço que todos estejam em paz”.

Relatório
Os técnicos do Cenipa analisaram o acidente por um ano e meio. No relatório, de 62 páginas, eles ainda destacaram que as condições meteorológicas durante o voo eram favoráveis, com vento calmo.

Outro fator apontado é que exames no sistema de controle de voo não indicaram falhas no helicóptero. Ainda conforme o documento, o local de decolagem não era registrado e não possuía referências luminosas no solo.

O documento ressalta, ainda, que entre os fatores que podem ter contribuído para o acidente, o fato de o piloto ter deixado de avaliar que as características físicas e operacionais do local de decolagem poderiam afetar a segurança do voo, “decidindo pela operação em período noturno, em local sem referências visuais externas”.

Acidente
Fernandão estava com mais quatro pessoas em um acampamento às margens do Rio Araguaia, a cerca de 12 km do Centro de Aruanã, onde ele tinha uma fazenda. Em uma das últimas imagens do ex-atleta, que foi publicada por um amigo nas redes sociais, ele aparece passeando de lancha ao som da música “Aqueles Olhos”, interpretada pela dupla sertaneja Leandro e Leonardo.

Na madrugada do dia 7 de junho de 2014, o grupo saiu do rancho para Aruanã. O helicóptero caiu logo após decolar, por volta de 1h30, em uma faixa de areia.

Imagens de um cinegrafista amador mostram o momento em que o ex-jogador foi resgatado.No vídeo, é possível ver o Corpo de Bombeiros colocando Fernandão em uma maca. Muitas pessoas se aglomeraram no banco de areia para acompanhar o resgate.

Das cinco pessoas que estavam a bordo, Fernandão foi o único encontrado com sinais vitais. No entanto, ele não resistiu aos ferimentos e morreu a caminho do Hospital Municipal de Aruanã.

Adeus
O ex-jogador Fernandão era casado há 14 anos com Fernanda Bizzotto Costa, com quem teve um casal de gêmeos de 11 anos. Ele também deixou uma filha de 15 anos, na época, de um relacionamento anterior.

O enterro aconteceu no Cemitério Jardim das Palmeiras, em Goiânia, sob grande comoção e salva de palmas. Centenas de pessoas, dentre familiares, amigos e torcedores acompanharam o sepultamento.

Carreira
Fernandão nasceu em Goiânia e iniciou a carreira nas categorias de base do Goiás Esporte Clube. Entre os anos de 1995 e 2001, conquistou cinco campeonatos estaduais, duas Copas Centro-Oeste e um Brasileiro na Série B, sempre na posição de meia.

Depois, seguiu para a Europa, onde jogou pelo Olympique de Marselha e Toulouse, na França, quando passou a atuar como atacante. Ele também jogou no Al-Gharafa, do Catar.

Em 10 de julho de 2004, ele estreou com a camisa do Internacional em uma partida contra o Grêmio, quando foi o responsável pelo milésimo gol da história do clássico GreNal. No Colorado, Fernandão ainda foi o capitão do time nas conquistas da Libertadores e Mundial de 2006. Em 2009 o atacante retornou ao Goiás e depois se transferiu para o São Paulo.

Ele se aposentou em 2011, quando estava no Tricolor Paulista. Passou, então, a participar da diretoria do Internacional e, mais tarde, assumiu o posto de treinador do clube. Recentemente Fernandão estreou como comentarista no SporTV, onde participaria da cobertura da Copa do Mundo.
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