Nem mesmo a derrota para a equipe da UFAC, do Acre, por 3 sets a 1, esconde o grande entrosamento que existe entre a treinadora Tereza Garcia e seus comandados do time de voleibol masculino da Unilasalle, de Lucas do Rio Verde. Quebrando a hegemonia masculina na liderança de equipes, seu grupo se orgulha de ser tetracampeão nos Jogos Universitários Estaduais e participar das Olimpíadas Universitárias desde 2004.
Tereza vive em Lucas do Rio Verde, onde é conhecida por seu treinamento rigoroso e disciplina imposta aos atletas. Ao lado de tanta rigidez, porém, Tereza mantém um sentimento que beira o maternal, e cuida dos horários, hábitos alimentares e rendimento escolar da sua equipe. “Eu não contrato ninguém, eles me acham. Eu cheguei a conclusão de que sou o sonho da vida deles”, diz Tereza ao lembrar das histórias peculiares que já vivenciou.
Uma dessas histórias é a do atleta Renato Vieira Machado. Natural de São Paulo e jogador do time de Rio Claro, interior paulista, Renato fez contato com a treinadora através de mensagens instantâneas pela internet, e logo Tereza o convidou para fazer alguns testes na equipe. Hoje, Renato tem 22 anos, cursa o primeiro período do curso de administração e trabalha na biblioteca da faculdade. O emprego também foi conseguido por Tereza. Ele deixou a família e os amigos em São Paulo e, desde o inicio do ano joga pelo time da Unilasalle, como líbero.
Wilkson Lourenço, o camisa três do time, é Pernambucano, e conheceu Tereza numa fila de supermercado. Surpreso com o tamanho do nordestino, a treinadora logo tratou de convidá-lo para integrar a equipe de vôlei. Tentado pela oportunidade de receber uma bolsa universitária integral, Wilkson deixou de lado seu esporte favorito, o basquete, e aceitou participar do time de Tereza. Hoje, após quatro meses como integrante do grupo, Wilkson participa como membro oficial da seleção masculina de vôlei nas Olimpíadas Universitárias JUBS - 2009.
Os atletas comandados por Tereza estudam, trabalham e treinam três vezes por semana. Os treinos atravessam a noite e se estendem, muitas vezes, até a madrugada.
A técnica gosta de ordem, e não permite que seus atletas bebam ou fumem em sua presença. Também não admite que fiquem sem camisa ao final das competições, pois “eles estão lá para serem vistos, e não para se exibirem”.
Idealizadora de uma escolinha de vôlei que atende cerca de 450 crianças, ela oferece total apoio e assistência aos futuros jogadores. Oito atletas da equipe atual são seus ex-alunos.
Tereza é objetiva ao definir a importância do vôlei em sua vida e na dos jovens que comanda: “Voleibol não é um fim, é um meio”, afirma a treinadora ao lado dos dez atletas que competem nas Olimpíadas Universitárias 2009.
