Quando um, aos 17 anos, sentava no banco de reservas da seleção para a final contra a Itália, na Copa de 1994, o outro, ainda criança, começava a dar os primeiros passos no futebol, aos 6, nas peladas de rua da pequenina Tangará da Serra, no Mato Grosso.
Eles cresceram e conquistaram, cada um a seu modo, espaço entre os torcedores e neste domingo, pela primeira vez, seus destinos se encontrarão no clássico entre Palmeiras e Corinthians, em Presidente Prudente.
Aquele que ainda com cara de adolescente conquistou uma Copa do Mundo é o hoje corintiano Ronaldo. Após inúmeros títulos, fama e ser apontado três vezes como o melhor do mundo, o camisa 9 do Timão vive um novo recomeço, após ter de enfrentar sua terceira cirurgia no joelho. Apesar de ainda não ter alcançado a forma ideal, o mito do artilheiro e a idolatria continuam inabalados, até mesmo entre os concorrentes.
Já o menino de Dourados que brincava de bola na pacata Tangará da Serra é Keirrison, atual sensação do futebol paulista. Depois de uma boa campanha com a camisa do Coritiba, onde se consagrou artilheiro do Brasileiro, ainda engatinha no futebol perto do grande ídolo. Com Ronaldo, o camisa 9 do Verdão afirma ter aprendido muito do que sabe hoje. Mas esse aprendizado aconteceu por meio da televisão. Por isso, o clássico com o Corinthians tem todo um toque especial para o K9.
- Eu me lembrou muito bem do lance dele no Barcelona, quando driblou um monte de jogadores desde o meio-campo. Vai ser uma emoção muito grande encontrá-lo pessoalmente. Eu faço questão de ir ao encontro dele, dar um abraço, pedir camisa e parabenizá-lo pelas alegrias e pelo exemplo de vida que é, por tudo o que já superou - disse Keirrison, recordando o gol do ídolo contra o Compostela, no Campeonato Espanhol de 1997.
Os elogios não ficam só do lado do fã para o ídolo. Ronaldo vê em Keirrison um craque para novas gerações que virão. E, por que não, seguindo seus passos na conquista de seguidores pelo Brasil e pelo mundo.
- Não sou eu falando que vai afirmar a qualidade do Keirrison. Ele é um grande jogador, de ótima finalização, grande movimentação e tem um futuro muito promissor. Vejo-o na Europa se transformando num dos grandes atacantes do futebol mundial - declarou o Fenômeno.
Palavras que aproximam quem nunca esteve frente a frente. Que antecipam o primeiro duelo de artilheiros de inícios tão iguais, mas de gerações tão diferentes. Que tornam detalhe uma diferença de 12 anos. Que abrem sorrisos, que criam expectativas, que fazem um domingo especial. Coisas do futebol.
