O técnico Muricy Ramalho quer o Palmeiras paciente no domingo, contra o Atlético-MG, mas já sabe que dificilmente será atendido por seu elenco.

Na avaliação do treinador, as características dos atletas que tem em mãos são incompatíveis com o jogo cadenciado.

"É difícil falar isso para eles. São jogadores com um perfil de agressividade, não é um time que controla o jogo. A gente pede paciência, mas eles têm muita vontade de definir logo", disse o comandante.

A pressa já foi alvo de críticas do goleiro Marcos quando o Palmeiras começou a despencar do topo da tabela --hoje é o quarto colocado, com 59 pontos, três atrás do São Paulo.

No empate contra o Avaí (2 a 2), no dia 8 de outubro, o capitão palmeirense fez o mesmo diagnóstico que Muricy traçou ontem ao lamentar a ansiedade da equipe para definir logo a partida --o que resultou no placar parcial de 2 a 0 para o rival.

O problema voltou a acontecer diante do Sport, em 11 de novembro, quando mais uma vez o Palmeiras teve de correr atrás do empate em casa após sair perdendo por dois gols.

"Nosso time joga com velocidade e isso dificulta um pouco", disse Muricy, citando a deficiência do time para ficar mais tempo com a posse da bola.

Os números ajudam a comprovar a tese. Segundo o Datafolha, o Palmeiras é o time mais "distraído" e afoito do Brasileiro --39 bolas perdidas por jogo.

A impaciência também coloca a equipe apenas na nona colocação no ranking de passes. São 272 toques na bola a cada partida, ou 34 a menos do que o Internacional, o clube que mais passes troca no torneio.

O defeito não se dá pela falta de treinos específicos desse fundamento. É mais costumeiro ver Muricy comandar atividades que priorizam passes e finalizações do que coletivos --apesar de estes quase nunca serem mostrados à imprensa.

O volante Pierre, mesmo tendo permanecido dois meses fora de combate por conta de uma lesão, ainda figura na vice-liderança do ranking de eficiência nos passes do Datafolha.