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Quarta-feira, 31 de julho de 2024

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Filho, sobrinho e primo de jogadores, André explica o talento: 'vem de casa'

Ele é de Cabo Frio, criado em Búzios. Mas explica tudo com muito cuidado para não dar confusão. “Tá dando briga”, resume André, o atacante revelação do Santos nesta temporada. O jovem atleta de 19 anos ainda expõe no sorriso com aparelho fixo nos dentes a inocência e humildade de jogar um futebol bonito, despretensioso e divertido.


- Eu fui criado em Búzios e, quando eu tinha uns 11 ou 12 anos, fui morar em Cabo Frio. Eu sempre falo que sou de lá porque, na verdade, eu não gosto tanto de Búzios. Meu pai fica falando que sou de lá, mas eu sou é de Cabo Frio. O problema é que está dando briga falar isso... – diz André, às gargalhadas.

André lidera o ranking para o Prêmio Friedenreich de 2010, com a marca de 16 gols O menino que chegou do Rio de Janeiro para a cidade de Santos ainda desconhecido, em meados de 2009, conseguiu um espaço no ataque do Peixe antes do esperado. Com a saída do atacante Kléber Pereira para o Internacional, André ganhou a chance de atuar ao lado do colega Neymar, em uma frente ofensiva que, pouco depois, ganhou mais um reforço imbatível para a disputa: Robinho.

Mas logo André se destacou e, timidamente marcando um gol aqui, outro ali, quando tinha a chance de entrar em campo, tornou-se o artilheiro brasileiro da temporada liderando o ranking para o Prêmio Friedenreich de 2010, com a marca de 16 gols – superior a Neymar, Robinho...

Bola no berço

O futebol já vem do sangue e era o destino quase inevitável para o garoto de Cabo Frio (ou seria Búzios?). O pai, Lenílson Marins de Souza, foi atleta profissional, campeão goiano pelo Goiatuba em 1992 (único título estadual do clube), enquanto o tio, o ex-lateral Luís Carlos Marins, foi campeão mineiro pelo América-MG em 93.

- O futebol já vem de casa. Desde que sou moleque minha família toda joga bola. Tenho dois primos da minha idade, a gente sempre brincava no quintal de casa. Todos os domingos tinha futebol na casa da avó. Temos até um time da família! – conta, animado, o atacante.

Camisa 9 convicto, Lenílson não deixou o filho escapar da bola. Logo cedo colocou André na escolinha da prefeitura de Búzios e, em 99, o menino começou a treinar futsal. Reserva, o camisa 18 cansou de esquentar o banco, apesar das boas atuações na categoria juvenil. André queria a 10.

Embaixo de seu pai, com a camisa 10, André já frequentava os jogos, com apenas nove anos

- Ele ficava meio chateado. Rendia bem, mas ficava sempre no banco. Não deu outra, no primeiro ano na categoria Junior ele foi embora. Eu sabia que ele era bom, mas não sabia que seria esse sucesso todo – afirmou Flávio Rebel, o técnico de futsal que acompanhou o início da carreira do atacante, desde 1999.

A recompensa veio rápido – até demais – e, mal entrou para o time de campo, pelo Cabofriense, e André já arrumava as malas para sua partida para o Santos. Trocou de posição – de meia de ligação no futsal, virou centroavante. Passou pelos testes em uma semana na Baixada, e ficou.

Dos que viram André jogar bola desde garoto, Rebel não foi o único a se espantar com sua rápida ascensão.

- Quando ele foi para o Santos ficamos todos felizes, mas sabíamos que ele não teria muita chance de ser titular. Aí o Kléber Pereira saiu, e esperávamos que ele fosse entrar e fazer alguns gols, mas ninguém esperava que fossem tantos, em tão pouco tempo (veja um dos gols de André no Santos ao lado) - comentou Anderson Lopes, o “Mangueira”, que também treinou André no futsal, em 2006.

Sucesso em Cabo Frio

- Ele sempre teve muito potencial para a idade dele. Sempre foi grande, forte, tem presença para finalizar, sempre jogou na frente. Ele era pivô, sabia se posicionar para fazer o gol. Era oportunista para aproveitar os rebotes – analisa Mangueira.

O orgulho pelo sucesso rápido do menino predomina na região. Apesar da alegria do pessoal de Búzios e Cabo Frio com futebol do menino, André admite que tem deixado a sua terra na mão e que já não aparece para visitá-la há cerca de dois meses – coincidentemente, o tempo em que se consagrou na artilharia paulista.

Com um ar extremamente simpático e leve, André marcou muitas pessoas de onde veio e, segundo os que o conhecem, está aí a chave dos seus resultados.

- Ele está dando certo pelo caráter dele. Infelizmente, se for ver a sua geração de amigos, muito se perderam, com drogas e essas coisas. Ele não. André é diferente, é de família. Recebeu suporte. Além de jogar um bom futebol, ele tem caráter – completou Rebel.

A cobrança para que ele apareça vem, principalmente, de casa.

- Minha mãe fica brava comigo direto. Ela reclama que, quando eu ligo, só falo com meu pai. Sabe como é, mãe é fogo, tudo ciumenta! Mas é que eu tenho mais assunto com ele, coisa de pai para filho – explica André. Claro, nascido no mundo do futebol, o papo que interessa é o de boleiro para boleiro.
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