Foi lançado na terça-feira (27) em Cuiabá o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Áreas Úmidas – INCT Áreas Úmidas ou simplesmente INAU. É o único INCT do país dedicado exclusivamente ao estudo destes ecossistemas - que tem como principal característica o fato de passarem parte do tempo secos e parte do tempo alagados.

Neste momento, as grandes áreas úmidas serão o foco do INAU e primeiro trabalho, a classificação dos habitats do Pantanal, do Guaporé, do Araguaia e das áreas inundáveis do Rio Paraná. “As grandes áreas úmidas têm uma série de habitats-chave relativamente pequenos, mas que são de suma importância para a manutenção da biodiversidade como um todo. O delineamento desses locais vai contribuir para a sua proteção, pois servirão como base para a elaboração de um plano de manejo sustentável e poderão ajudar na formulação de políticas públicas”, afirmou o professor Wolfgang Junk, coordenador do INAU.

Os pesquisadores destacaram a interação entre o trabalho científico e o conhecimento que as populações tradicionais já têm das áreas a serem estudadas. “Além dos elementos abióticos e bióticos das áreas úmidas, nosso trabalho vai englobar também a realidade sócio-econômica das áreas úmidas e a educação ambiental”, destacou Paulo Teixeira de Sousa Jr., vice-coordenador do INAU.

O INAU terá seis laboratórios associados: identificação, delineamento e Classificação de Áreas Úmidas; interações aquático-terrestres e seus habitats; ecologia e manejo da pesca; biodiversidade e manejo de áreas úmidas; bioprospecção para o uso sustentável de áreas úmidas; práticas culturais, sócio-Economia e Educação. Mais de cem cientistas de diversas universidades e centros de pesquisa farão parte do projeto.

“Em todo o mundo, não conheço nada semelhante. Essa abordagem inovadora deve trazer muitos resultados benéficos e reflete também a mudança de visão das pessoas em relação às áreas úmidas. Até vinte anos atrás, elas não recebiam a devida importância. A criação do INAU é um grande avanço para mudar ainda mais essa percepção”, disse o professor Max Finlayson, da Universidade Australiana Charles Stut e membro do comitê científico do INAU.

As áreas úmidas estão presentes nas mais diferentes regiões, desde o Ártico até o Cerrado, e prestam serviços ambientais como purificação de água, controle de inundações, regulação do clima, produção de alimentos e remédios e armazenamento de carbono. Entre elas, estão os charcos, mangues, pântanos boreais, veredas, matas ciliares, turfas e várzeas.

“Acredito que os estudos desenvolvidos vão melhorar muito a qualidade de vida da população e também poderão colaborar para políticas de conservação de áreas úmidas em outras partes do mundo”, afirmou Guillhermo Schmeda, da Universidade de Talca, no Chile, e também integrante do comitê científico do INAU.

O INAU funcionará sob a coordenação da UFMT, Universidade Federal de Mato Grosso, e terá como instituição gestora o CPP, Centro de Pesquisas do Pantanal. Mais de 100 pesquisadores farão parte do projeto, que é financiado pelo CNPq, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, com apoio das Fundações de Amparo à Pesquisa de Mato Grosso (Fapemat) e Mato Grosso do Sul (Fundect). As informações são da assessoria.