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Quinta-feira, 18 de julho de 2024

Notícias | Meio Ambiente

'Mais pobres podem ter acesso a tecnologias verdes', diz especialista

As construções sustentáveis são certificadas pelos padrões do Green Building Council e seguem exigências como o uso de materiais e recursos não tóxicos, de madeira certificada, eficiência energética, o uso racional da água e a qualidade do ambiente interno.


Em entrevista ao G1, o presidente do Green Building Council, Richard Fedrizzi, fala sobre o crescimento do número de construções que buscam essa certificação no Brasil. Ele comentou que a cidade de São Paulo tem grande potencial para construções sustentáveis, de forma que integrem a comunidade e faça com que muitos "repensem os problemas de urbanização".

Temas como a eficiência energética e o uso racional da água também estarão em debate na segunda edição do Fórum de Sustentabilidade SWU, que acontece em novembro, em Paulínia (SP). O evento envolve música e discussões ambientais e terá a participação de personalidades como o músico Neil Young, padrinho do fórum. Confira a seguir a entrevista completa:

G1 - O Brasil está em quinto lugar no ranking do GreenBuilding Council, mas isso significa apenas 33 empreendimentos certificados. Não é um caminho muito lento para resolver problemas tão urgentes quanto às mudanças climáticas?
Richard Fedrizzi - O resultado nos outros países já vem de doze anos de trabalho, e todos também tiveram um começo muito lento. Apesar de no Brasil serem apenas 33 empreendimentos, o número de construções sustentáveis cresceu muito rapidamente nos últimos três anos, o que demonstra a quantidade de prédios com conceitos de sustentabilidade no Brasil pode superar outros países rapidamente.

G1 - O senhor afirma que São Paulo tem um grande potencial para as construções sustentáveis. Como São Paulo pode ser um modelo com problemas urbanos tão graves? Basta construírmos prédios verdes?
Fedrizzi - Eu não acredito que podemos separar as duas coisas, ou seja, os prédios da cidade. Passamos 90% do nosso tempo nos prédios e eles precisam nos propiciar uma condição de saúde e produtividade, da mesma forma que a cidade tem que estar estruturada para isso. Eu hoje demorei uma hora para vir do hotel onde estou hospedado para cá, e foi muito tolo, pois poderíamos ter vindo a pé. A ideia é justamente isso: fazer prédios que acabem integrando toda a comunidade e que façam as comunidades repensarem os problemas de urbanização.

G1 - Não há um risco de que esse tipo de construção sustentável e seus benefícios sejam acessíveis apenas aos ricos?
Fedrizzi - Não, o conceito de viver uma vida saudável dentro de um prédio tem que ser levado para todos. Inclusive no Brasil, no programa de casas populares “Minha Casa Minha Vida” (do Governo Federal) há elementos de construções sustentáveis incorporados, como a eficiência energética pelo uso de placas solares. Eu acredito que um dia até nas favelas vamos conseguir fazer mudanças com as tecnologias verdes, com aproveitamento de água e até aquecimento solar, e trazer mais qualidade de vida para essas pessoas.

G1 - Há programas de construções sustentáveis voltados para casas populares no mundo?
Fedrizzi - Muitos. Nos EUA, 40% dos programas de certificação de construção sustentável são para casas de classe média. A ideia é levar esse conceito para todos os países, indo além da certificação apenas para os grandes prédios comerciais.

G1 - Como fazer isso?
Fedrizzi - Existe a Universidade Carrier que é responsável pelo ensino dos conceitos do GreenBuilding, em Nova York, nos EUA. É o primeiro instituto voltado para a aplicação da sustentabilidade em construções. Seus cursos são itinerantes e fazem o treinamento sobre como aplicar as exigências de sustentabilidade nas construções em todo mundo. O próximo treinamento da Carrier será em setembro, no Rio de Janeiro, no Brasil.

G1 - Existe uma grande dúvida no Brasil se os estádios vão ficar prontos para a Copa do Mundo. Como podemos afirmar que vai ser possível aplicar um conceito de certificação de sustentabilidade neles?
Fedrizzi - Nós apenas indicamos os caminhos, mas não podemos fazer o trabalho das pessoas. Estamos aplicando os treinamentos e ensinando os conceitos e exigências do GreenBuilding Council, mas a aplicação depende muito dos envolvidos nas obras. Já vimos isso acontecer em cidades que fizeram a certificação e construíram belos prédios durante os jogos olímpicos, como Vancouver, no Canadá, Sydney, na Austrália e Pequim, na China. Porém houve um lugar onde tudo foi muito lento, e não ocorreu a certificação, que foi Atenas, na Grécia. Foi um exemplo de que a sustentabilidade depende da vontade das pessoas envolvidas nos projetos.
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