É iminente um confronto entre índios bolivianos, contrários à construção de uma estrada que vai atravessar uma reserva ecológica de 1 milhão de hectares na região central do país, e apoiadores do governo de Evo Morales.

Os indígenas, que agora somam dois mil, iniciaram em 15 de agosto uma caminhada de 600 km da cidade amazônica de Trinidad (nordeste) até La Paz, em ato de repúdio a esta estrada, enquanto o governo considera que a via ajudará no desenvolvimento econômico da região.

Entretanto, grupos de colonos indígenas e agricultores começam a se aglomerar nas proximidades da capital do país para deter a passeata. Barricadas começam a ser montadas na região, mas a ameaça de surtos de violência não preocupa os líderes da marcha de índios.

“Não estamos atacando ninguém e não vamos confrontar ninguém. Só queremos chegar à sede do governo para explicar ao presidente os nossos direitos”, disse Adolfo Chávez, líder da marcha. “Se eles (grupo contrário ao protesto) atingirem um dos nossos, vamos reagir, porque temos crianças, mulheres e grávidas no meio”, disse Lázaro Taco, que também está envolvido na marcha.

Sem negociação
O ministro do Interior, Sacha Llorenti, entrou em contato com as lideranças para tentar o diálogo. Outras sete tentativas de conversa entre os índios e o governo falharam. A última foi nesta quarta-feira (7), quando uma proposta apresentada por escrito pelo governo boliviano foi devolvida pelos manifestantes.

Na reserva de 1 milhão de hectares, vivem aproximadamente 50 mil índios da Amazônia, que acreditam que a rota vai atrair colonos e agricultores, fomentando o desmatamento.

O governo brasileiro vai financiar a construção da rodovia com o montante de US$ 332 milhões, com crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A construção da via terá custo total de R$ 415 milhões.