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Quinta-feira, 18 de julho de 2024

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Projeto científico no deserto fará telescópio para entender o universo

Na imensidão do Atacama, passado e futuro nos fazem mergulhar em um mundo de mistérios. Das marcas na terra às estrelas no universo. O clima seco, a ausência de nuvens e a altitude transformam o céu do Atacama em um dos mais limpos do mundo. As estrelas parecem brilhar ainda mais. São estudadas, observadas e pesquisadas por olhares diretos e precisos.


O Alma é um grandioso projeto científico que tem o objetivo de construir um rádio-telescópio que vai englobar 66 antenas transportáveis. Hoje já existem 18 instaladas. O que os astrônomos querem, quando tudo estiver pronto, é pode apontar todas essas antenas em uma mesma direção, para um mesmo objeto astronômico. Assim, eles vão ter uma capacidade de observação do universo dez vezes maior do que se tem hoje.

A previsão é que o observatório só comece a funcionar em plena capacidade a partir de 2013. Nesse ano já começa a primeira etapa de observação, com 16 antenas alinhadas.

“Nesse período preliminar que vamos abrir, já vai ser o instrumento mais poderoso na história da humanidade”, afirma o astrônomo Antonio Hales Gebrim.

Antonio é um dos astrônomos mais importantes do projeto Alma. Ele tem mãe brasileira e pai chileno. Antonio acredita que esse projeto vai trazer respostas que a humanidade persegue há séculos: de onde viemos? Para onde vamos?

“Um dos objetivos principais do Alma é entender como se formaram os planetas do nosso sistema solar e como estão se formando os outros planetas na nossa galáxia e no universo”, explica.

O projeto Alma atrai pesquisadores de todo o planeta. Para poder mostrar as 18 antenas que já estão instaladas dentro do projeto Alma, a equipe do Globo Repórter precisa subir até cinco mil metros de altitude. Para isso, toda a equipe tem que ser submetida a um exame para saber se a pressão e o nível do batimento cardíaco estão bons.

A equipe toda foi examinada e autorizada a subir. No caminho, o vulcão Licancabur aparece majestoso. De repente, a equipe cruza com um veículo que chama a atenção. Estranho, grande e diferente.

O carro foi desenhado e construído especialmente para transportar antenas para observar o céu no Atacama. Só existem dois em todo o mundo. Ambos estão no projeto Alma.

Todas as informações captadas pelas antenas são mandadas para um supercomputador que também está instalado a cinco mil metros de altitude. Para quem trabalha no local, o maior desafio é enfrentar o ar rarefeito. O engenheiro eletrônico Alejandro conta que a altitude provoca um estado de esgotamento e sono intensos, o que pode levar a erros graves. Alejandro tem uma fonte de oxigênio acoplada às costas para ajudar.

Do laboratório se tem uma visão completa das antenas. O Atacama segue antenado nas galáxias, mas com um pé na história. Imensos desenhos, chamados de geoglifos, também provocam muitas perguntas. Quem fez? Com que objetivo? São mais de 900 figuras ao longo de quatro quilômetros.

Pesquisadores acreditam que foram feitas há mais de mil anos para orientar antigas caravanas. Uma maneira de indicar o caminho correto a seguir.

Nesse deserto, estamos sempre fazendo descobertas. O Globo Repórter conheceu o que restou da passagem da civilização inca pelo lugar. São ruínas que existem há mais de 500 anos. É impressionante. Tudo se mantém como no passado. Como isso é possível? É simples: é deserto. Não chove, então tudo foi preservado.

Para arqueólogos de todo o mundo, a região toda é vista como um tesouro. O Globo Repórter conversou com um deles, o arqueólogo brasileiro Mark Hubbe, que vive no local há quatro anos.

“O que você tem aqui na verdade são peças únicas de madeira, tecidos impressionantes e alguns deles com mais de mil anos de idade. Então você tem um acesso a uma parte da pré-história que você não tem acesso em outros lugares”, aponta Hubbe.

No local funcionava um centro administrativo, e era considerado um ponto estratégico. Na encosta do morro ainda está preservada a trilha por onde as caravanas passavam. Hoje, as estradas desse deserto atraem aventureiros de todas as partes do mundo.

A equipe do Globo Repórter resolveu parar o casal que estava em um carro e, por coincidência, eram brasileiros: a publicitária Ana Biselli e o economista Rodrigo Junqueira.

Eles revelam que não estão em uma viagem de férias, mas realizando um ambicioso roteiro. O casal pretende cruzar todos os países das Américas em mil dias. Eles seguem caminho em meio à poeira e desafios do Atacama.
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