O Instituto Butantan, um dos maiores centros de pesquisas biomédicas do mundo, comemora neste sábado os 111 anos completados no último dia 23. Para celebrar o aniversário, o instituto programou uma série de atividades gratuitas para a população. O acesso aos três museus será liberado, basta retirar o ingresso na bilheteria. Para a diretora da divisão cultural da instituição, Fan Hui Wen, é um orgulho comemorar a data ao lado da população.
Entre as novidades do instituto, está a visitação aos novos animais em exposição no museu biológico: uma píton albina, uma jararaca da Amazônia e uma cobra píton granito (que devido à tonalidade só pode ser encontrada em cativeiro). As principais espécies de serpentes brasileiras, aranhas, escorpiões e iguanas, da exposição permanente, também poderão ser visitadas.
Além disso, o Museu Histórico, instalado na cocheira adaptada para abrigar o primeiro laboratório para produção de ampolas de soros e vacinas antipestosos, e o Museu de Microbiologia, onde é possível visualizar seres microscópicos, e modelos de vírus e da molécula de DNA, também estarão de portas abertas. Os museus funcionam das 9h às 16h30. O instituto fica na avenida Vital Brasil 1.500, na zona oeste da capital de São Paulo.
Com tantos anos de tradição do instituto, um dos grandes desafios apontados pelo diretor-substituto e pesquisador Marcelo de Franco é manter a qualidade na pesquisa e no desenvolvimento de produtos para saúde coletiva e renovar-se conforme a demanda mundial. "A perspectiva maior é torná-lo um centro agregador de conhecimento, difusão e inovação, que permita a interação com entes públicos e privados para geração de novos empreendimentos", completa Franco.
Segundo Franco, a missão do centro é desenvolver pesquisas e produtos que contribuam para o acesso à saúde e ao conhecimento na sociedade. O reconhecimento do Butantan se dá por meio da publicação de artigos em revistas estrangeiras de alto impacto e das parcerias e cooperações com instituições e empresas multinacionais, explica Franco.
Conhecido turisticamente pelo seu parque de quase 80 hectares - mais de 62% em área verde - na capital de São Paulo, que atrai mais de 300 mil pessoas por ano, o centro é referência brasileira e mundial nas áreas científicas na qual atua. Responsável por mais de 93% do total de soros e vacinas produzidas no Brasil - entre elas, vacina contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e influenza sazonal e H1N1 -, o Butantan desenvolve há mais de 100 anos estudos e pesquisa básica na área de Biologia e de Biomedicina, relacionadas, direta ou indiretamente, com a saúde pública.
História
O Butantan foi criado em 1899, após a identificação de casos de peste bubônica em Santos (SP). A partir disso, o governo do estado de São Paulo resolveu criar um laboratório (anexo) ao Instituto Bacteriológico para produção de soro antipestoso. "O anexo, em 1901, tornou-se o Instituto Serumtherapico, localizado na Fazenda Butantan (que mudaria de nome para Instituto Butantan posteriormente)", conta a diretora de museus, Adriana Mortara.
Seu primeiro diretor foi Vital Brazil Mineiro da Campanha, médico voltado para problemas de saúde pública. Adriana relata que os primeiros lotes de soro antipestoso foram produzidos em 1901, assim como os primeiros lotes de soros antiofídicos. Já as vacinas começaram a ser produzidas alguns anos depois, de acordo com as demandas da saúde pública e os conhecimentos da época.
Inspirado no Instituto Pasteur, na França, os objetivos do Butantan são os mesmos desde sua criação: o tripé pesquisa, produção e difusão. Entretanto, explica Adriana, com o passar dos anos e as mudanças tecno-científicas, o número e variedade de temas de pesquisa se ampliaram, assim como os produtos e as formas de divulgação.
