Manifestantes e policiais entraram em confronto nesta terça-feira (3) na cidade de Shifang, na China, durante protestos realizados pela população que é contrária ao projeto de construção de uma usina metalúrgica dedicada ao tratamento de metais pesados, como o cobre e o molibdeno
Segundo a agência de notícias France Presse, os embates entre manifestantes e forças de segurança, dotadas de cassetetes e bombas de gás lacrimogêneo, iniciaram na segunda-feira (2) e prosseguram nesta terça. Shifang, uma cidade de 220 mil habitantes, ainda se recupera das destruições provocadas pelo terremoto de Sichuan, que deixou 88 mil mortos e desaparecidos em 2008.
De acordo com o governo, manifestantes atacaram na segunda edifícios oficiais lançando tijolos e pedras, e agredindo diretamente a polícia e outros funcionários. A polícia advertiu aos manifestantes que serão "severamente castigados" se prosseguirem com suas ações "ilegais". Apesar disso, manifestações esporádicas ocorreram nesta terça
"Acabo de ir a uma pequena praça do centro da cidade. Aqui há centenas, talvez mais de mil pessoas. Quando me misturei aos manifestantes, a polícia utilizou bombas de gás lacrimogêneo", declarou à France Presse, por telefone, uma mulher que pediu o anonimato.
Um site governamental, enorth.com.cn, também se referiu à utilização de bombas de gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral contra os manifestantes.
"Vários policiais ficaram feridos, e dezenas de carros da polícia ficaram danificados ou foram virados", segundo o site, que informa que, "durante a dispersão (da manifestação), 13 pessoas ficaram levemente feridas, e todas foram levadas a hospitais".
Imagens divulgadas na internet
Várias fotos publicadas na internet, cuja autenticidade não pôde ser verificada até o momento pela France Presse, mostravam confrontos entre centenas de policiais antidistúrbios e manifestantes.
Muitas destas fotos também mostram manifestantes ensanguentados, e em outras é possível ver centenas de pessoas marchando nas ruas, portando cartazes que pediam o abandono do projeto da fábrica.
Participantes dos protestos estão preocupados com o impacto ao meio ambiente causado pela instalação da usina. Por conta disto, o governo local havia anunciado na segunda-feira a suspensão de sua construção.
Os riscos de contaminação se converteram em uma frequente fonte de descontentamento na China, onde o meio ambiente costuma ser sacrificado diante de um crescimento econômico e de uma industrialização desenfreados.
As autoridades chinesas temem pela estabilidade social, especialmente antes do congresso do Partido Comunista, no outono (no hemisfério norte), que permitirá o acesso ao poder em Pequim de uma nova geração de dirigentes.