No Amazonas, pesquisadores detectaram que na espécie de sapo Rhinella proboscidea, os machos matam as fêmeas por afogamento durante o acasalamento. De acordo com os cientistas, embora em alguns casos a necrofilia (relação sexual com cadáver) possa ser vista como algo negativo, a estratégia da espécie serve para evitar a perda de ovos após a morte acidental da fêmea.
O estudo foi desenvolvido por pesquisadores do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Estudos Integrados da Biodiversidade Amazonas (Cenbam), coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI).
A fecundação dos sapos acontece por meio do estímulo do macho, que usa as patas dianteiras para segurar a fêmea na região peitoral (amplexo axilar) ou na região pelvina (amplexo inguinal). O abraço pode durar horas ou mesmo dias, antes da desova da fêmea.
Reprodução
A reprodução dos sapos da espécie R. proboscidea é chamada de 'explosiva'. Segundo William Magnusson, pesquisador do Inpa e coordenador do Cenbam, nesse tipo de reprodução, vários machos se reúnem por dois ou três dias, geralmente em lagos, poças de água e nascente de rios, para disputar as fêmeas do local. "A fêmea está na água, têm muitos machos e todos estão tentado subir na fêmea. Então, ela fica embaixo e eles acabam afogando-a. Normalmente, quando a fêmea chega lá, ela desova e vai embora, mas os machos ficam a noite inteira brigando por cada fêmea que chega", relatou.
Embora em alguns casos a necrofilia possa ser vista como algo negativo, a estratégia dessa espécie serve para evitar a perda de ovos depois da morte acidental da fêmea.
A pesquisa observou que a maioria das fêmeas deixa o ambiente após a reprodução. Entretanto, os pesquisadores não podem afirmar se as sobreviventes podem participar de uma próxima reprodução. Magnusson relatou que a dificuldade de acompanhar a reprodução dessa espécie é grande, porque o tipo de sapo não é visto com muita frequência.
O estudo foi realizado na Reserva Florestal Adolpho Ducke, do Inpa, Km 26 da AM-010 (Manaus - Itacoatiara), com a coleta de 15 fêmeas em junho de 2001 e cinco fêmeas em junho de 2005 em duas lagoas diferentes.
Além de pesquisadores do Inpa, William Magnusson e Albertina Lima, pesquisadores de outras instituições participaram: Thiago Izzo e Domingos Rodrigues, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT); e Marcelo Menin, da Universidade Federal do Amazonas (UFAM).