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Terça-feira, 16 de julho de 2024

Notícias | Meio Ambiente

Incêndios, seca e falta de água preocupam cientistas brasileiros

Após a declaração do governador Luiz Fernando Pezão sobre uma possível falta de água no Rio de Janeiro, os debates sobre as mudanças climáticas parecem ter se acirrado. Para os cientistas, 2014 tem se mostrado um ano atípico, com alterações mais perceptíveis no volume de chuvas. O grande número de incêndios também tem chamado a atenção.


Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama),  as queimadas e os incêndios florestais estão entre os principais problemas ambientais enfrentados pelo Brasil. As emissões resultantes da queima de biomassa vegetal colocam o país entre os principais responsáveis pelo aumento dos gases de efeito estufa do planeta. Além de contribuir com o aquecimento global e as mudanças climáticas, as queimadas e incêndios florestais poluem a atmosfera, causam prejuízos econômicos e sociais e aceleram os processos de desertificação, desflorestamento e de perda da biodiversidade.

Até o fechamento desta reportagem, o Ibama já tinha registrado 140.907 focos ativos detectados pelo satélite de referência, de janeiro a outubro deste ano. Este índice começou a ser medido em 1998, quando foram registrados 123.894 de janeiro a dezembro. No ano passado, foram 115.520 casos registrados. Isso significa que, em pouco menos de 10 meses, 2014 teve 25.387 casos a mais do que os 12 meses de 2013.

Ainda segundo os dados do Ibama, o número de incêndios cresceu a partir de julho e teve seu auge em setembro. Em números, janeiro teve 2.634 casos registrados; fevereiro teve 1.548; março, 2.225; abril, 2.360, maio, 3.190 e junho 6.484. Em julho este número subiu para 10.803, em agosto foi para 43.023 e 43.174 em setembro. Em outubro, até o fechamento desta reportagem, foram 25.466 casos registrados pelo Ibama.

Na última quarta-feira (15), o Ibama lançou o Centro Integrado Multiagências de Coordenação Operacional (Ciman). O site foi criado para o monitoramento de fogo em todo o país e disponibilizará informações em tempo real sobre focos de calor, fotos e equipes que estão em campo combatendo o fogo. O chefe do Prevfogo, Rodrigo Falleiro explicou que “o objetivo da plataforma é dar publicidade e transparência para as ações federais que são implementadas pelo Brasil, principalmente, as grandes operações de combate ao fogo” .

Segundo o professor do Instituto de Geologia e Geofísica da UFF, Jefferson Silveira, o estresse hídrico, caracterizado pela falta de água, pode facilitar a ocorrência de incêndios. “Na realidade, os incêndios estão depositados no mau hábito e na irresponsabilidade das pessoas. Uma guimba de cigarro jogada em um terreno seco pode dar início às chamas. Existe a questão da combustão espontânea, mas a nossa vegetação e o nosso clima não são muito propícios a isso. Existe no Brasil uma tradição de queimadas. A transformação da vegetação em cinzas elimina micro organismos das camadas superiores do solo”, explica Jefferson.

Entre os dias 14 e 16 de outubro, especialistas brasileiros e estrangeiros se reuniram em Brasília para o Seminário Diálogo Político OCDE/Brasil sobre Governança da Água. A iniciativa foi uma parceria entre a Agência Nacional de Águas (ANA) e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que buscou fortalecer o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH) com o objetivo de atender aos desafios atuais e futuros relacionados à água.

Desde março, a escassez da água em São Paulo trouxe à tona o termo “guerra da água”. Isso, devido a um impasse entre os governos de São Paulo e do Rio. A vazão do Rio Paraíba do Sul, que abastece parte do estado do Rio, chegou a ser reduzida. Mais de 40 cidades paulistas estão sofrendo com o racionamento de água. Alguns municípios, como Barra do Piraí, enfrentam problemas de abastecimento desde agosto.

Para o professor Jefferson, “nós [brasileiros] temos a tradição do uso perdulário da água. Não pensamos no que estamos jogando na água e para que estamos utilizando. Ainda tem quem lave o carro com mangueira”. Ele aproveita ainda para fazer um alerta: “A questão climática é dinâmica. Estamos em um ano atípico. O aquecimento global é uma previsão ao longo prazo e buscamos registros de alterações semelhantes no passado”.

Sobre a diminuição no volume de precipitações, o professor atenta para o fato de que “não dá para dizer que não está chovendo. Estamos sofrendo alterações, mas, em algumas cidades está chovendo e em outras não”. Jefferson lembra que, devido aos Jogos Olímpicos de 2016, tem se falado em despoluição de rios, praias e baías para a prática de esportes. “Enquanto nós estivermos pensando numa despoluição para grandes eventos, estamos perdidos”, critica. Para o professor, a conscientização para o uso correto da água é fundamental.
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