O presidente do Painel Intergovernamental para a Mudança Climática (IPCC), o indiano Rajendra Pachauri, renunciou ao cargo, informou um comunicado das Nações Unidas nesta terça-feira (24).
Pachauri, de 74 anos, que presidia o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) desde 2002, desistiu de participar de uma reunião do organismo no Quênia nesta semana após a polícia indiana ter aberto uma investigação sobre uma acusação de abuso sexual contra ele.
Uma pesquisadora de 29 anos do centro de estudos The Energy and Resources Institute, de Nova Délhi, o acusou de assediá-la sexualmente ao enviar e-mails inapropriados.
Pachauri nega as acusações, de acordo com um tribunal indiano. Pachauri, cujo mandato à frente do IPCC terminaria em outubro de 2015, sofre de problemas cardíacos.
"O gabinete do IPCC aprovou nesta terça-feira designar o vice-presidente Ismail El Gizuli como presidente em função", afirma o grupo de especialistas da ONU.
"A nomeação de Gizuli é consequência da decisão do doutor Rajendra K. Pachauri de renunciar do posto de presidente do IPCC a partir de hoje", completa o comunicado.
Em carta ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, Pachauri disse que sua incapacidade de viajar ao Quênia mostra que ele pode não ser capaz de garantir "a forte liderança e dedicação de tempo e atenção total" necessária ao painel.
"Eu, então, tomei a decisão de renunciar ao meu cargo de presidente do IPCC, alguns meses antes do término do meu mandato", escreveu.
Pachauri recebeu o prêmio Nobel da Paz em nome do IPCC em 2007. Descobertas do IPCC sobre o aquecimento global servem de base para as ações que quase 200 governos acertaram trabalhar para fechar um acordo em dezembro de 2015 para combater as mudanças do clima.
Encontro no Quênia
Mesmo com sua ausência, o IPCC se reuniu nesta segunda-feira (23), em Nairóbi, no Quênia, como estava previsto
Os especialistas asseguraram que a ausência do indiano não afetaria os trabalhos desta semana.
Os especialistas do IPCC, que elaboraram cinco relatórios sobre a mudança climática, terão um papel-chave nas negociações do clima do fim do ano, em Paris, em um momento em que a comunidade internacional não consegue chegar a um acordo sobre as medidas a serem colocadas em prática.
