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Sábado, 28 de setembro de 2024

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Projeto tenta evitar assoreamento do Rio Cuiabá

O extenso volume de água potável disponível em Mato Grosso é o principal risco a qualidade de vida no Estado. O problema está na falta de conscientização das pessoas ao esquecerem que 70% da população vive de forma concentrada principalmente em Cuiabá e Várzea Grande.

O extenso volume de água potável disponível em Mato Grosso é o principal risco a qualidade de vida no Estado. O problema está na falta de conscientização das pessoas ao esquecerem que 70% da população vive de forma concentrada principalmente em Cuiabá e Várzea Grande, dependendo quase que exclusivamente do Rio Cuiabá. Com 828 Km de extensão, o rio conta hoje com aproximadamente dois mil hectares já degradados de suas áreas de preservação permanente, aquelas de formam as margens dos rios e evitam o seu assoreamento.


O levantamento foi feito pelo Instituto Ação Verde, que desenvolve desde março de 2008 o projeto Verde Rio. A equipe de técnicos/pesquisadores atua mapeando por satélite cada propriedade e seu passivo ambiental nas Áreas de Preservação Permanente, indo in loco até a propriedade e georeferenciando a degradação onde a imagem via satélite não possui definição suficiente. Eles ainda entrevistam o proprietário do local para identificar seu poder econômico, social, e o uso que está sendo praticado na área.
Em outras visitas à mesma propriedade, os técnicos oferecem orientação sobre formas de recuperar a área de preservação atingida ao mais próximo possível ao que a legislação ambiental indica: 30 metros de preservação partindo da margem do rio em áreas urbanas e 100 metros em regiões rurais. A equipe fornece gratuitamente mudas de árvores nativas da região aos proprietários e uma parceria junto ao Ministério Público para que seja registrada a adesão voluntária do proprietário no interesse de recuperar a sua área e seguir a legislação.

Até o final deste mês de agosto o projeto irá concluir o trabalho no município de Barão de Melgaço, sendo que a região de Cuiabá e Várzea Grande, além do município de Santo Antônio de Leverger, já foram trabalhadas.

Um dos moradores visitados pela chalana do Ação Verde foi o senhor Pio Pereira de Anunciação. Ele vive a aproximadamente 60 anos nas margens do rio Cuiabá em uma pequena casa ocupada por 18 pessoas. “Eu já perdi mais de 10 metros de barranco. Minha casa ficava na margem do rio, mas como o rio foi levando o barranco, tive que construir outra mais para trás”, descreve. A situação do agricultor de subsistência denuncia o grave processo de assoreamento que atravessa um dos principais afluentes do Pantanal.

O agricultor possui uma área de 50 hectares e explica que sempre utiliza as margens do rio para o plantio. “É o único lugar que dá, a terra aqui é muito pobre”. Ainda existe o paradoxo sobre a abundância de animais nativos na região. Enquanto eles, os animais, são vistos como uma defesa ao Pantanal para quem está nas cidades, para os moradores a situação é outra. “Nós ainda temos que ficar soltando foguete, batendo latas para espantar as capivaras, os bichos que vem comer a plantação. Nós não podemos matar porque sabemos que vamos presos se fizermos isso”, disse Pio.

FAMÍLIAS TRADICIONAIS

O superintendente do Ação Verde, Paulo Borges, destaca que a esmagadora maioria das propriedades às margens do rio são formadas por estas famílias, tradicionais. “Não podemos simplesmente exigir que estas pessoas recuperem 100% o que manda a lei. São pequenos produtores que estão a gerações aqui e que vivem da pesca, da produção de rapadura, culturas tradicionais de uma maneira geral. Nós visitamos as propriedades e montamos o Plano de Recuperação de Área Degradada o mais próximo da legislação”.

Borges destaca que o principal trabalho é a conscientização do ribeirinho. “Todo o trabalho é feito por adesão voluntária. Nós realizamos pelo menos cinco visitas em cada propriedade, oferecemos orientações técnicas para melhorar a produção, e oferecemos gratuitamente as mudas”, comenta.

O Preserve-MT apoia ações que mudam conceitos e trazem a questão ambiental aliada ao respeito humano. O assoreamento do rio Cuiabá representa um menor volume de água chegando ao Pantanal, a diminuição do número e das espécies de peixes, o menor período de navegabilidade pelo rio, um completo desequilíbrio que pode ameaçar o ciclo de inundações naturais da maior planície alagada do mundo.

A recuperação das margens do rio evita que este processo evolua e garante a sobrevivência das próximas gerações que dependem do Rio Cuiabá. São formadores do Instituto Ação verde a Aprosoja, o Cipem, o Sindalcool, o Sistema Fiemt, a Famato e a Acrimat. O instituto ainda conta com o apoio do MT Floresta, da Seder, da Sema, da Sicme, da Empaer, da UFMT, do Ministério público e da Energética Águas da Pedra.
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