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Quinta-feira, 04 de julho de 2024

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TEMPERATURAS MAIS ALTAS

Cerrado enfrenta pior seca nos últimos 700 anos, aponta estudo da USP

Foto: Calil Souza/Flickr

Cerrado enfrenta pior seca nos últimos 700 anos, aponta estudo da USP
O Cerrado brasileiro enfrenta a pior seca nos últimos 700 anos, aponta estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e publicado na revista ‘Nature Communications’. Segundo os autores, o aquecimento global na região central do país tem sido mais intenso, sendo o aumento das temperaturas cerca de 1 °C acima da média global, que é de 1,5 °C.


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A condição tem gerado um distúrbio hidrológico: a temperatura próxima ao solo está tão quente que uma parte significativa da água da chuva evapora antes de se infiltrar no terreno. A anomalia traz diversas consequências, como mudanças no padrão de chuva, que está mais concentrada em poucos eventos, e menor recarga nos aquíferos.

“Com o uso de dados geológicos foi possível expandir a percepção da seca causada pelo aquecimento global para um período bem anterior ao dos registros meteorológicos. Dessa forma, conseguimos fazer a reconstituição do clima até sete séculos atrás. Isso permitiu não somente provar que o Cerrado está mais seco, mas que a origem dessa seca tem relação com o distúrbio do ciclo hidrológico causado pelo aumento da temperatura induzida pela atividade humana na emissão de gases do efeito estufa”, afirma Francisco William da Cruz Junior, professor do Instituto de Geociências (IGc-USP) e um dos autores do estudo, que foi liderado por Nicolás Strikis, do mesmo instituto.

“A mensagem é que não há paralelo com a seca que estamos vivenciando atualmente. É importante frisar que identificamos uma tendência de aumento da temperatura que começa nos anos 1970, mas o fato é que ainda não atingimos o pico de aquecimento. Portanto, a expectativa é que esse fenômeno piore ainda mais”, informa Cruz à Agência FAPESP.

Inovação

O trabalho integra um projeto de pesquisa que visa reconstituir a variabilidade do clima e das mudanças climáticas durante o último milênio por meio de registros de formações rochosas que ocorrem dentro de cavernas e anéis de crescimento de árvores.

“A nova metodologia e a validação dos dados do nosso trabalho abrem caminho para que mais estudos em outras cavernas, de outras regiões e biomas, sejam realizados. Com esse tipo de abordagem será possível ter uma reconstituição do clima do país de uma forma mais precisa”, afirma.

Geralmente, os estudos geológicos utilizados para fundamentar a teoria do aquecimento global são feitos a partir de amostras de testemunhos de gelo [retiradas de geleiras nos polos]. “A inovação do nosso estudo está em utilizar os dados químicos de espeleotemas para identificar variações dos ciclos hidrológicos e associá-los às mudanças geradas pelo aumento da temperatura nos trópicos”, explica Cruz.

(com informações da Agência Fapesp)
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