Olhar Direto

Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Notícias | Meio Ambiente

Professor diz que unidade de conservação pode ser pesado ônus para população local

Todas as ilhas do litoral paranaense estão em áreas de unidades de conservação (UCs) federais, estaduais e privadas, o que pode ser positivo para a humanidade, mas para as populações locais, muitas vezes, representa pesado ônus. Isso porque, segundo o professor Willian Simões, da coordenação do Programa Educação do Campo, da Secretaria Estadual de Educação, as atividades para a sobrevivência dessas comunidades de ilhéus e ribeirinhos são frequentemente responsabilizadas pela degradação da natureza.


Na avaliação do educador, áreas de preservação ambiental costumam ser tratadas como santuários ecológicos, enquanto o ser humano que vive ali há centenas de anos não é levado em consideração. No entanto, de acordo com ele, são esses pescadores artesanais, além dos que trabalham descascando camarão e mariscos, na retirada de caranguejos, as benzedeiras, os artesãos e pequenos comerciantes os primeiros a preservar e cuidar da terra em que vivem.

Uma das reservas do litoral paranaense é a Área de Proteção Ambiental (APA) de Guaraqueçaba, criada para proteger ambientes representativos da Floresta Atlântica. A região é considerada um dos últimos e mais significativos remanescentes desse bioma e dos ecossistemas associados, englobando a Serra do Mar, a planície litorânea, as ilhas e extensos manguezais. Nas escolas locais, as riquezas dessas áreas são aproveitadas como recursos didáticos pelos professores. Willian Simões disse que a orientação pedagógica é de que se faça uma ponte entre a realidade local e os conhecimentos globais, para que o aluno possa conhecer o mundo, mas fortalecido em sua identidade. “Aliás, esse deveria ser o papel de toda escola”, lembra.

Os alunos são incentivados desde pequenos a criar vínculos com o local em que vivem. O professor Ezequias França, nativo da Ilha Rasa, é um exemplo desse comprometimento. Deixou a região por algum tempo para completar os estudos e hoje, ensina história e matemática para alunos da 5ª à 8ª série. “É a realização de um sonho. Sou professor na escola em que aprendi a ler”, conta, orgulhoso.

França também aproveita a realidade local para transmitir os conteúdos das matérias que leciona aos alunos. Conceitos de profundidade, formas geométricas, fatos históricos e até regra de três são ensinados por meio de exemplos retirados do cotidiano dos moradores das ilhas. Ele cita um exemplo: “se 20 quilos de camarão são vendidos por R$ 200,00, por quanto se deve vender 30 quilos?”

O diretor da escola da Ilha Rasa, professor Oromar Cordeiro, também é nativo da região e filho de pescadores. Ele diz que a realidade das ilhas é desafiadora e que, para ensinar, é preciso saber dialogar com os diferentes tipos locais. “Estar familiarizado e conhecer suas necessidades, respeitá-las. E nada melhor do que um filho da terra para dar continuidade a essa proposta”, opina.

Uma nova proposta pedagógica está sendo elaborada pela secretaria, seguindo as diretrizes do Plano Nacional de Educação do MEC. O chefe do Departamento de Diversidade da secretaria, Wagner do Amaral, explica que o novo processo pedagógico em construção se baseará em eixos temáticos e áreas do conhecimento, e não mais em disciplinas fragmentadas. Os saberes tradicionais dessas comunidades e os saberes construídos na cultura escolar serão repassados em aulas de ciências da natureza e exatas, humanidades, linguagens, expressão cultural e artes.
Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 
xLuck.bet - Emoção é o nosso jogo!
Sitevip Internet