“As usinas de Dardanelos e Manso são uma heresia”, afirma o biólogo Francisco de Arruda Machado, o Chico, logo após falar dos impactos ambientais provados pelos empreendimentos na audiência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as concessões de usinas em Mato Grosso.

O problema maior é que as duas usinas foram construídas, mas sequer possuem condições de transmitir a energia devido à ausência de linhões. Portanto, a população mato-grossense não ganha nada com as construções de hidrelétricas no Estado, enfatiza.
 
Além disso, segundo Chico, que é professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e especialista na área de impactos provocados por hidrelétrica, a usina de Manso causou sérios impactos nas bacias do Pantanal de Barão de Melgaço e Paiaguás.

“As usinas, de maneira geral, geram impactos biológicos, ecológicos e socioeconômicos, neste último provocando a miserabilidade do povo atingido, além da situação deprimente dos índios. O biológico nem aparece porque ninguém estudou afundo para saber quais são os reais impactos”, afirmou em entrevista ao Olhar Direto.
Chico ainda criticou a Agência Nacional de Energia Elétrica por exigir sempre o aproveitamento máximo das usinas, que poderia buscar alternativas para evitar os impactos ambientais. Ele chegou a citar exemplo de hidrelétricas em Mato Grosso, como a de Itiquira, que são sustentáveis.

Outro ponto elencado pelo biólogo é o valor das contas de energia. Segundo ele, a população paga um preço relacionado à termoelétrica, porém a produção energética de Mato Grosso vem de hidrelétricas, que possuem um custo mais barato.