Em mais de duas horas de depoimento prestado à CPI, o engenheiro civil responsável pela reforma da Câmara de Cuiabá durante a gestão do ex-presidente Deucimar Silva (PP), Carlos Anselmo de Oliveira, não conseguiu explicar quem foi o responsável pelas planilhas de orçamentos da obra assinadas por ele. De acordo com o engenheiro, ele apenas assinou.
“Elas já estavam prontas, homologadas e a obra licitada, eu só assinei”, informou.
Ao sair da oitiva do engenheiro, o vereador Deucimar Silva, apontado como possível responsável pelo superfaturamento de mais de R$ 1 milhão da obra, afirmou estar com a consciência tranquila.
“Estou confiante em Deus que logo tudo vai ser esclarecido”, afirmou. De acordo com o pepista, o engenheiro “se enrolou e mentiu o tempo inteiro”.
Cedido pela Secretaria de Habitação do Município para participar da obra no Legislativo em 2009, o engenheiro afirmou que recebeu “de alguém da Câmara” as planilhas e apenas as assinou. “Fui bem intencionado”, garantiu.
Segundo ele, as assinaturas foram feitas nos documentos para que a obra da Câmara fosse realizada. De acordo com inspeção realizada pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia, as planilhas contêm superfaturamento de preço dos produtos e superestimativa no valor de serviços.
Ainda deverão ser ouvidos na tarde desta quarta-feira (21), os representantes da empresa Alos Construtora Ltda., responsável pela obra. O vereador Deucimar Silva deverá dar seu depoimento na sexta-feira (23) pela manhã.
O presidente da CPI, Edivá Alves (PSD), afirmou que ainda não foi decidido se o secretário de Habitação do município, João Emanuel, será ouvido. Para Arnaldo Penha (PMDB), João Enanuel deve prestar esclarecimentos, uma vez que é o titular da pasta que cedeu o engenheiro.
Oitiva fechada
O depoimento do engenheiro Carlos Anselmo de Oliveira foi fechado. De acordo com a assessoria de imprensa da Câmara, a medida foi tomada pela CPI para evitar possíveis constrangimentos ao depoente. O vereador Arnaldo Penha afirmou que a CPI está sendo feita às claras e só foi fechada para evitar um “entra e sai” que poderia “desconcentrar” o engenheiro.
O valor de superfaturamento apontado pela inspeção coincide com o que já havia sido apontado pelo TCE. De acordo com o relatório, houve um sobrepreço dos produtos especificados na planilha realizada pela Agência Municipal de Habitação Popular e a prática de superestimativa na qualificação dos serviços prestados. Em outras palavras, houve superfaturamento tanto dos materiais de construção quanto da mão-de-obra.
Atualizada às 12h19.
