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Quarta-feira, 07 de agosto de 2024

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escândalos

Vereadores circulam mais na área policial que na política

O que está acontecendo com a Câmara de Vereadores de Cuiabá? Esta é uma pergunta, ao menos por enquanto, sem resposta. Escândalos atrás de escândalos abalam a moral dos vereadores. A preocupação é que a briga política parece ter partido para o lado pessoal. Num assalto suspeito, a casa do presidente, Deucimar Silva (PP), foi invadida há duas semanas. Já na madrugada de quinta-feira (11), o prédio do Legislativo foi invadido. A princípio, o alvo foi o caixa eletrônico da Casa.


Há um ano, desde que as denúncias de desvio de recursos por parte da hoje deputada Chica Nunes (PSDB), à época presidente da Casa, vieram à tona, o Legislativo municipal nunca mais foi o mesmo. A tucana ficou na presidência de 2005 a 2006. Ela é acusada de praticar uma das maiores fraudes nos cofres da Câmara. As investigações da Delegacia Fazendária apontam para um rombo de R$ 6,6 milhões. Além de Chica, outras 10 pessoas foram indiciadas pela polícia, entre parentes, funcionários da Câmara e empresários.

Já nesta legislatura, iniciada em janeiro, a moral da Câmara começou a ser abalada com a prisão, em flagrante, do vereador Ralf Leite (PRTB), que protagonizou um dos maiores alvoroços da Casa. Ele foi preso em flagrante com um travesti menor de idade na região do posto Zero, Várzea Grande. O parlamentar também foi acusado de tentar subornar os policiais para evitar que o caso se tornasse público.

Quase quatro meses depois, a Comissão de Ética da Câmara ainda não apresentou nenhum parecer e Ralf Leite vem tentando escapar ileso, utilizando-se de manobras jurídicas e outras armações. Além uma forte articulação política, liderada pelo seu pai, o coronel reformado da PM, Edson Leite, o parlamentar também tenta postergar qualquer decisão com ações na justiça, que acabam por atrasar o andamento do processo.

Em meio a tudo isso, a briga entre o atual presidente e o seu antecessor, Lutero Ponce (PMDB), tem esquentado as discussões durante as sessões. Deucimar contratou uma auditoria "independente", que constatou um desvio superior a R$ 3 milhões durante a gestão do peemedebista.

Desde que assumiu à presidência, Deucimar adotou um discurso de moralização, mas o que vem ocorrendo é uma “desmoralização” do Legislativo. A população, responsável por eleger os vereadores, está incrédula com os parlamentares e não acreditam mais nos políticos.

O progressista até tentou instaurar uma Comissão Processante com a intenção de cassar Lutero, porém acabou em "pizza". Os vereadores foram contrários a essa decisão. Eis então que a vida de Deucimar virou um inferno. Na semana passada, a casa do vereador foi invadida durante um assalto suspeito. Os bandidos levaram apenas o notebook, um pen-drive e uma pasta. A filha dele também foi agredida pelos assaltantes. Atordoado, o vereador chegou a colocar o cargo à disposição.

Como se não bastasse, outro roubo suspeito ocorreu na Câmara na madrugada de quinta-feira (11). Assaltantes invadiram o prédio, desligaram o circuito interno de segurança e levaram o dinheiro do caixa eletrônico do Banco do Brasil. Estranhamente, somente três gabinetes foram invadidos, os dos vereadores Everton Pop, Chico 2000 e Lutero Ponce. O setor de Protocolo também foi revirado. Até o momento, o valor roubado não foi divulgado.

Mas antes dos assaltos, também houve o escândalo envolvendo mais uma vez o vereador Ralf Leite e Domingos Sávio (PMDB), relator do processo na Comissão de Ética contra Ralf. O peemedebista foi acusado por uma mulher de ter causado trauma psicológico após ser, supostamente, abandonada no lago do Manso depois de saírem da boate Lotus. O caso está sendo investigado pelo delegado João Bosco, de Chapada dos Guimarães.

O fato serviu também para desviar um pouco o foco do rombo de Lutero, além de colocar Domingos Sávio na parede com relação ao processo de Ralf. De concreto, nesses pouco mais de seis meses de gestão, os 19 vereadores, dos quais nove são de primeiro mandato, pouco produziram em termos de trabalho pela população da capital e o que foi produzido de bom, acabou sendo escondido pela sucessão de escândalos que tiraram o foco do Legislativo da área política, passando a circular com desenvoltura pelo setor policial.
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