Três jovens herdeiros de magistrados de Mato Grosso são alvos de investigações tanto da Polícia Federal (PF) quanto do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) e sofreram busca e apreensão em duas operações deflagradas na semana passada, a segunda parte da Ararath (PF) e a Aprendiz (Gaeco).

Tiago Dorileo, João Emanuel e Evandro Viana Stábile Filho têm em comum a exploração do prestígio de seus entes e uma relação de intimidade com o Poder Judiciário proporcionada pela carreira da magistratura de seus pais ou avós.

Na primeira operação da semana, a Ararath, Tiago Dorileo Vieira, que é neto do já falecido desembargador Ernani Vieira, foi alvo de busca e apreensão em sua residência, no condomínio Florais em Cuiabá, e outro em seu escritório, no edifício Top Tower, na Avenida do CPA.

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Apesar de o inquérito correr em segredo de justiça justamente pelo suposto envolvimento do juiz Federal Julier Sebastião da Silva no esquema de favorecimento de sentença à empresa Encomindi, o Olhar Direto obteve a informação de que Tiago teria o papel de intermediador ou lobista junto ao magistrado.

Essa não foi a primeira vez que ele se tornou alvo de uma operação da Polícia Federal. Tiago foi um dos denunciados na Operação Asafe, que investigou os esquemas de vendas de sentenças no Poder Judiciário de Mato Grosso. O neto do desembargador Ernani Vieira, era chamado de "Malandrinho" em um dos diálogos gravados pela Polícia Federal, na Operação Asafe.

Naquela época o bacharel apareceu na denúncia do Ministério Público Federal (MPF) como um intermediador de vendas de sentenças. Na denúncia, a Procuradoria da República afirmava a presença de graves indícios de autoria e materialidade do delito de exploração prestígio por parte de Tiago Dorilêo.

Alvo principal da Operação Aprendiz, desencadeada nesta quinta-feira (28) pelo Gaeco, o vereador João Emanuel é filho do juiz aposentado compulsoriamente em 2010 pelo Conselho Nacional de Justiça, Irênio Lima Fernandes, acusado junto com mais 10 magistrados de desviar mais de R$ 1 milhão do Tribunal de Justiça do Mato Grosso (TJMT). À época eles alegaram que todas as verbas recebidas por ele e pelos demais juízes – que teriam sido repassadas para socorrer financeiramente a maçonaria – foram absolutamente legais.

O terceiro alvo de operação, também da Aprendiz, Evandro Viana Stábile Filho, filho do desembargador afastado Evandro Stábile, é investigado pelo Grupo de Atuação no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) por participação no suposto esquema de fraude em licitações da Câmara de Cuiabá e falsificação de documento público.

“A análise dos elementos até agora coligidos permite que se perceba sinais de que este grupo tem JOÃO EMANUEL MOREIRA LIMA como seu líder e como auxiliares diretos os suspeitos EVANDRO VIANNA STÁBILE, AMARILDO DOS SANTOS, MARCELO DE ALMEIDA RIBEIRO e ANDRÉ LUIZ GUERRA SANTOS”, diz trecho da cautelar que requereu os sete mandados de busca e apreensão e também afastamento do vereador João Emanuel da presidência da Câmara.

O pai de Evandro, o desembargador Evandro Stábile, é acusado de ser o principal articulador de um esquema de venda de sentenças em Mato Grosso. Ele está afastado do Tribunal de Justiça de Mato Grosso pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) onde tramita ação.