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João Batista e Sargento Elizeu defendem policiais presos por forjar confrontos para matar: "inversão de valores"

31 Mar 2022 - 14:46

Da Redação - Isabela Mercuri / Do local - Airton Marques

Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto

João Batista e Sargento Elizeu defendem policiais presos por forjar confrontos para matar:
Os deputados estaduais João Batista (PP) e Sargento Elizeu Nascimento (PL), membros da comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) subiram à tribuna na sessão da tarde desta quinta-feira (31) para defender os 81 policiais militares que foram presos pela Polícia Civil e o Ministério Público Estadual na Operação Simulacrum por forjar confronto para executar vítimas em Cuiabá. Os parlamentares afirmaram que conhecem a maioria dos presos e lamentaram a “inversão de valores” em relação às prisões.


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“Desses mais de 80 policiais militares que foram presos eu conheço a grande maioria, são excelente profissionais, muitos dele, inclusive, são meus amigos, e a gente vai acompanhar, sou vice-presidente da Comissão de Segurança Pública, Elizeu é o presidente, vou solicitar junto com os demais colegas que nos tragam as informações a respeito dessas investigações, tendo em vista que não há, ali, pelo menos até o que eu vi até agora, não existe nenhuma denúncia em relação ao envolvimento deles com tráfico de drogas, roubo ou qualquer ato criminoso”, afirmou Batista no plenário.

Após a fala do policial penal, sargento Elizeu – que mais cedo havia dito à imprensa que não tinha lido nada sobre o assunto – fez questão de também se pronunciar e defender os alvos da operação. Ele afirmou que há uma ‘inversão de valores’ e que “daqui a pouco os policiais tem que tomar tiro na cara, tem que morrer primeiro para tentar sobreviver, tentar algo que seja uma legítima defesa”.

Elizeu Nascimento também afirmou que irá acompanhar de perto o andamento da operação. “Infelizmente a cada dia que se passa tem sido mais difícil ainda de ser policial. Já basta ser aí desvalorizado como é, e aí vivermos essa inversão de valores. Como presidente Da Comissão Parlamentar De Segurança Pública, estaremos solicitando o acompanhamento diário de toda essa situação”, disse. O deputado ainda afirmou que é necessário ter cuidado com a saúde mental dos que foram presos.

O deputado Delegado Claudinei, por sua vez, afirmou que não sabe os detalhes da operação e ficou sabendo através da imprensa, mas saiu em defesa da Polícia Civil – um dos órgãos que coordenaram a operação. “Fico muito triste, porque já tenho vinte anos de polícia civil em Mato Grosso e sempre trabalhei com a Polícia Militar (...) mas não posso deixar de falar dessa obrigação que a Polícia Civil tem de investigar e tomar as providencias legais”. Claudinei se disse “chocado e triste” porque isso acabaria resultando em desgaste no relacionamento entre as polícias.

A operação

A Polícia Civil e o Ministério Público Estadual deflagraram nesta quinta-feira (31) a Operação Simulacrum para cumprimento de 81 mandados de prisão temporária contra policiais militares investigados por homicídios. De acordo com as investigações, os alvos estariam forjando confronto para executar vítimas em Cuiabá.

Também são cumpridos 34 mandados de busca e apreensão e de medidas cautelares diversas. As ordens judiciais foram decretadas pela 12ª Vara Criminal da Comarca de Cuiabá. Conforme o MPMT e a Polícia Civil, o grupo de militares é investigado pela morte de 24 pessoas, com evidentes características de execução, além da tentativa de homicídio de, pelo menos, outras quatro vítimas, sobreviventes.

A operação faz parte das investigações realizadas em seis inquéritos policiais, já em fase de conclusão, relativos a supostos “confrontos” ocorridos em Cuiabá e Várzea Grande.

De acordo com as investigações, os militares envolvidos contavam com a atuação de um colaborador que cooptava interessados na prática de pseudocrimes patrimoniais, sendo que, na verdade, o objetivo era ter um pretexto para matá-los.

Após atraí-los a locais ermos, onde já se encontravam os policiais militares, eram sumariamente executados, sob o falso fundamento de um confronto. Os responsáveis pela apuração dos fatos reforçam que há farto conteúdo probatório que contrapõe a tese de confronto apresentada pelos investigados.

As investigações indicam que a intenção do grupo criminoso era a de promover o nome dos policiais envolvidos e de seus respectivos batalhões. Na época em que ocorreram os fatos, os policiais investigados encontravam-se lotados nos batalhões Rotam, Bope e Força Tática do Comando Regional 1.

O detalhamento dos fatos será apresentado ao final das diligências e conclusão da investigação. No âmbito do Ministério Público, o trabalho está sendo realizado pelos promotores de Justiça que atuam no Núcleo de Defesa da Vida. Pela Polícia Civil, as investigações são conduzidas pela Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Cuiabá.

O Ministério Público e a Polícia Civil esclarecem que as ações investigadas foram praticadas por alguns membros da corporação que agem à margem e à revelia da lei.

Enfatizam, no entanto, o relevante trabalho que a Polícia Militar realiza para a sociedade no combate à criminalidade e na proteção do cidadão. Simulacrum é a tradução em latim de simulacro (aquilo que tem aparência enganosa).
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