Em meio às acusações de que o Ministério da Agricultura (Mapa) estaria envolvido em um suposto favorecimento a um grupo de empresas na exportação de carne bovina para a China, o senador Jayme Campos (UNIÃO) descartou, nesta sexta-feira (22), a possibilidade de convocar o comandante da pasta, Carlos Fávaro, para prestar esclarecimentos no Senado Federal sobre as denúncias. 

A polêmica em torno do assunto começou depois que o deputado federal coronel Alberto Fraga (PL-DF) usou a tribuna da Câmara dos Deputados para acusar Carlos Fávaro de beneficiar os frigoríficos da JBS e Minerva na exportação de carne bovina para China, em uma espécie de “cartel”

Questionado nesta sexta sobre a possibilidade de abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o suposto cartel, Jayme não respondeu diretamente à pergunta dos jornalistas. No entanto, ele disse que apresentou uma notícia de fato para investigar esse suposto favorecimento e informou que o ministro Fávaro já estava ciente do assunto.

“Não, não vou chamar ele não”, disse, sobre não convocar Favaro ao Senado Federal.  Ele já a recebeu [a representação]. Eu falei com as melhores intenções. Eu não fico com o intuito de querer [politizar a situação]. Não, muito ao contrário”, disse em entrevista coletiva nesta sexta-feira (22), no Palácio Paiaguás.  

Em seguida, Jayme disse que essa mesma reclamação tinha partido de outros parlamentares, como o senador amazonense Omar Aziz (PSD-AM). Jayme reforçou ainda que, como parlamentar, tem garantias de fazer críticas acerca de assuntos de interesse da população de Mato Grosso. 

“Até porque não foi só eu que já falei. O Senador Omar Aziz, já falou há poucos dias, e outros senadores em alguns eventos em Brasília. Eu fiz o quê? Como meu papel de porta-voz também é da sociedade brasileira, particularmente do meu estado, eu fiz aquilo que é o mais justo. E isso nos dá certeza absoluta que eu tenho direito, como parlamentar, de levar aquelas críticas pontuais que são do interesse da sociedade mato-grossense”, completou. 

Na última semana, durante reunião da Comissão de Meio Ambiente do Senado, Jayme e denunciou a suposta existência de uma "quadrilha" de empresários que monopolizam o mercado da carne no Brasil e dominam as exportações para a China. Segundo ele, as ações desses grupos, apoiadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), inviabilizam a atuação de outros pecuaristas.

Para embasar sua fala, Jayme citou que na mais recente lista, das 20 empresas selecionadas, foi mantido um frigorífico da JBS-Friboi localizado em Diamantino (MT), que está fechado desde junho deste ano, em razão de um incêndio.