Robson Almeida França, ex-assessor de Neri Geller na Câmara dos Deputados, advogado e dono da corretora Foco Corretora de Grãos, afirmou que o leilão da compra de arroz internacional, cancelado pelo governo, seguiu todas as normas legais. A corretora dele intermediou a compra do grão para três empresas no certame promovido pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

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Geller foi exonerado por Carlos Fávaro (ministro da Agricultra) após suspeitas de conflito de interesse. A situação ficou insustentável quando foi descoberto que a Foco pertencia a Robson, apontado como sócio de Marcello Geller, filho do secretário, em outras empresas.

Robson é presidente da Bolsa de Mercadorias do estado de Mato Grosso e dentro dessa bolsa possui a Foco que, segundo ele, está autorizada a operar leilões junto à Conab. Ao Olhar Direto, ele explicou que a Bolsa foi criada no ano de 2023 em um leilão da própria Conab com essa finalidade e garantiu que não há nenhuma irregularidade em sua atuação.

“Eles [Conab] me credenciaram como bolsa para poder operar os leilões, estavam correndo todos normalmente, não tinha empecilho algum. Eu não tinha impedimento por eu ter sido um secretário parlamentar, um ex-parlamentar, simplesmente estão tentando correlacionar essa operação que foi da minha corretora junto com a questão do Neri. Mas, não tem correlação alguma”.

O empresário afirmou que Neri não estava ciente de sua propriedade na corretora e ressaltou que havia encerrado sua função como assessor há 4 anos para se dedicar aos próprios negócios particulares. Ele enfatizou que não há necessidade de detalhar sua vida particular para alguém com quem trabalhou há tanto tempo.

“Eu parei de trabalhar com ele, volto a repetir, quatro anos atrás, agora todo passo que eu for dar eu vou ter que ligar para um ex-chefe, um ex-pralem retário, um ex-deputado?”: ‘Olha, eu vou fazer isso, vou fazer aquilo, posso fazer, não posso’... não é assim, né? A minha vida tocou e eu fui mexer com meus negócios”. 

Robson explicou ainda que as bolsas levam os clientes para dentro da Conab e que também são responsáveis por verificar toda a documentação da empresa que possa comparecer a um leilão junto à Conab. 

O advogado ressaltou ainda que, caso constatadas irregularidades, o edital possui dispositivos para evitar fraudes e prejuizos. Entre elas, está o depósito de 5% do valor da operação, uma garantia de que as empresas cumprirão com a entrega da mercadoria. Caso contrário, estarão sujeitas a uma penalidade de 10%. Assim, as empresas não recebem recursos públicos da Conab sem antes comprovar sua capacidade de entrega, diz. 

A respeito da suposta ligação com o filho de Neri, Robson admitiu que chegou a formar uma sociedade com o rapaz para a criação de uma empresa voltada ao agronegócio. No entanto, disse que a ideia não vingou e que sequer houve movimentação de valores. “Não demos continuidade. A empresa nunca movimentou nada, ela foi aberta, só que nunca movimentou, nunca teve conta bancária, nunca teve um faturamento, um balanceio patrimonial, nunca teve nada”.