A demissão do ex-deputado federal Neri Geller (PP) do cargo de secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, após a crise do leilão de arroz realizado pela Campanha Nacional de Abastecimento (Conab), acendeu um alerta no governo Lula (PT). A pasta, chefiada pelo ministro Carlos Fávaro, já era visada por partidos do chamado Centrão e voltou a ser alvo de críticas. 

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Nos corredores da Assembleia, alguns deputados estaduais foram questionados sobre a possibilidade de desligamento de Carlos Fávaro. Eles, no entanto, foram unânimes em dizer que não creem nessa possibilidade. 

O presidente da Casa de Leis, Eduardo Botelho (UNIÃO), afirmou que torce para que Favaro continue na pasta e frisou que é importante ter um alguém de Mato Grosso no comando de uma pasta estratégica para o Estado.  

“Estamos torcendo para que não, pois é importante para o estado ter o ministro, embora seja importante esclarecer, pois as coisas não andaram de forma correta. É importante ter alguém para dialogar com os produtores de Mato Grosso”, disse nesta quarta. 

O deputado estadual e presidente do PT em Mato Grosso, Valdir Barranco, admitiu que existe uma cobiça e disputa pelo Mapa. Mas, por outro lado, afirmou que não há nenhuma ameaça por parte do presidente Lula para que ocorram mudanças. 

“O Favaro está muito bem. O Mapa é um ministério muito cobiçado. O Brasil tem um agro muito forte e tem uma bancada ruralista muito forte. Há uma disputa talvez até maior do que em outros ministérios importantes, como o ministério da Saúde e Educação, que naturalmente seriam os mais cobiçados. Portanto, eu acho que isso é natural e isso tem que servir de alerta para ele fazer cada vez melhor”, comentou. 

Júlio Campos (UNIÃO) elogiou Favaro e disse que o depoimento de Neri Geller à Comissão de Agricultura na Câmara nesta terça-feira (18) “foi singelo e não demonstrou nenhuma culpa sobre o ministro da Agricultura”. Para ele, o trabalho de Faváro nesse um ano e meio de mandato ficou bastante conceituado com o presidente da República. “Sua substituição, se ocorrer, só ano que vem, quando vai haver uma reforma ampla do governo federal”. 

O governo federal decidiu anular o leilão realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no último dia 6 de maio e cancelou a compra das 263,3 mil toneladas de arroz que seriam importadas para o país. 

Segundo Fávaro, a avaliação do governo é que, do conjunto das empresas vencedoras do leilão, a maioria teria “fragilidades”, ou seja, “não tem capacidade financeira de operar um volume financeiro desse tamanho”. 

Neri Geller foi demitido após suspeitas de conflito de interesse. O diretor de Abastecimento da Conab, Thiago dos Santos, responsável pelo leilão, é uma indicação direta do agora ex-secretário. Além disso, a FOCO Corretora de Grãos, principal corretora do leilão, é do empresário Robson Almeida de França, que foi assessor parlamentar de Geller na Câmara e é sócio de Marcello Geller, filho do secretário, em outras empresas.