A exoneração do ex-secretário de Estado de Agricultura Familiar (Seaf), Luluca Ribeiro (MDB), confirmada na tarde de terça-feira (23) via Diário Oficial do Estado, teria sido motivada por conta de uso de emendas parlamentares para compra de kit's agrícolas com preços acima dos já registrados em aquisições pela pasta. Outro detalhe que chamou atenção e está sendo investigado pela Controladoria Geral do Estado é que a Seaf teria executado em apenas seis meses de 2024 um valor mais de três vezes maior que o de outros empenhos de anos passados. 

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Conforme levantamento feito pela reportagem, somente esse ano, de fevereiro a julho, Luluca tinha empenhado R$ 24.459.217,00 para compra de diversos kit's de agricultura familiar, equipa homem do campo, kit agricultor, aquisição de barracas de feira e equipamentos. Parte desse empenho não teria sido executado ainda, mas consta da lista de produtos a serem adquiridos com emendas parlamentares. A título de comparação, o valor referente a todo o ano de 2023 não chega a R$ 7 milhões.

Além disso, algumas emendas são denominadas de bancadas e outras individuais. Entre os deputados que destinaram recursos para compra de materiais estão Dilmar Dal Bosco (UNIÃO), Júlio Campos (UNIÃO), Dr Eugênio (PSB), Wilson Santos (PSD) e Thiago Silva (MDB). 

O valor das emendas começa em R$ 100 mil e vai até R$ 1 milhão. No entanto, sem descrever o que foi pago ou o que ficou apenas empenhado, o documento que o Olhar Direto teve acesso mostra que em 2021 a Seaf pagou pouco mais de R$ 2 milhões; 2022 foi paga a quantia de R$ 9 milhões; 2023 quase R$ 7 milhões e 2024 o valor total de R$ 24.459.217,00. 

Toda essa tabela é de pagamento de emenda na pasta de Agricultura Familiar. O valor exorbitante de 2024 chamou atenção da Controladoria Geral do Estado e do vice-governador Otaviano Pivetta. De imediato a Casa Civil e o governador Mauro Mendes (UNIÃO) foram avisados e todo time de Luluca foi exonerado. 

Conforme levantamento feito pela reportagem, os kit's agrícola em questão são compostos por roçadeira, motocultivador, adulbadeira costal e perfurador de solo, entre outros equipamentos. Cada kit custou pouco mais de R$ 2 mil e por conta disso um Procedimento de Investigação está sendo feito pela CGE. 

Ex-secretário nega irregularidades 

Luluca, por telefone, disse que não tem nada ilícito nos contratos e que os pagamentos foram feitos dentro da Lei. Além disso ele está disposto a responder tudo que for questionado pelos órgãos de controle. Por meio de nota, o Governo do Estado disse que a exoneração de Luluca é para corrigir a gestão.