O governador Mauro Mendes (UNIÃO) voltou a comentar o avanço do crime organizado no Brasil e em Mato Grosso. Durante sua participação no Painel AgroSummit, realizado na quarta-feira (11) em São Paulo, Mendes relatou que testemunhou estudantes fazendo gestos alusivos a facções criminosas durante inauguração de uma escola pública na periferia de Cuiabá.

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“Eu fui num evento, inaugurando uma escola na periferia do meu estado, da minha cidade, da capital. E de repente o ajudante de ordem me alertou: Governador, o senhor percebeu o sinal que a gurizada está fazendo?’ Eu falei: não, [Estão] tirando foto. Um monte de aluno, 15, 12 anos, 13 anos, 10 anos. Quando eu olhei e prestei atenção, tudo fazendo isso aqui, ó [mostra Mendes com a mão o sinal utilizado por membros da facção] Vocês sabem o que é isso? É o símbolo de uma das mais fortes facções criminosas nesse país. Gente, isso é muito grave”, disse o governador.  

Segundo Mauro Mendes, as facções criminosas têm avançado de forma avassaladora e vêm tomando conta das principais cidades brasileiras. De acordo com ele, essa onda começou há cerca de 30 anos dentro dos presídios e se expandiu para os bairros dos municípios. 

Na avaliação de Mendes, o fenômeno negativo proporciona uma inversão de valores, pois o sonho dos jovens é fazer parte da "família", como são chamadas as facções, para alcançar ascensão social. 

“Trinta anos atrás o sonho desse jovem da periferia era ser jogador de futebol. Hoje o sonho deles é entrar para a 'família', eles não se chamam de facção criminosa, eles chamam de 'família'. [O desejo é] entrar para a 'família' e ter ascensão social nela, porque ali ele vai ser o macho alfa daquela comunidade. Isso é muito grave, é uma inversão de valores, o problema não está lá mais dentro do presídio não”, comentou.

“O presídio no Brasil é caótico, nós sabemos disso e há décadas estamos convivendo com isso. E não tomamos nenhuma atitude. Isso pode fugir ao controle mais do que já fugiu. Eles estão em muitas atividades cinzas, nós sabemos disso. Todo mundo sabe”, completou.