Olhar Direto

Terça-feira, 23 de julho de 2024

Notícias | Ciência & Saúde

Variação de gene explica nascimento de tantos gêmeos em Cândido Godói

Cientistas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul conseguiram explicar um mistério: por que nascem tantos gêmeos na cidade de Cândido Godói? Veja na reportagem de Patrícia Cavalheiro.


Na escadaria da igreja, pose para mais uma foto. Esta sexta-feira (25) é um dia especial em Cândido Godói, município de 7 mil habitantes no noroeste gaúcho. Pesquisadores explicaram por que nascem tantos gêmeos na cidade: são 140 pares desde 1927, até sete vezes mais do que em outras partes do mundo.

Na família de Francine e Franciele, o fenômeno acontece há quatro gerações. “Nossa bisavó veio de fora e ela já tinha tido gêmeos. Então é uma coisa meio óbvia, é genético”, contou Franciele.

Mas nem todos concordam com essa explicação. “Eu acho que é obra de Deus”, disse uma senhora.

A Universidade Federal do Rio Grande do Sul realizou um grande estudo: foram coletados materiais para exame de DNA e analisadas as histórias familiares de quase 150 mulheres.

Durante os três anos em que a pesquisa foi realizada, os resultados que iam surgindo foram mantidos em sigilo. O combinado era que a conclusão fosse revelada para os moradores. Por isso, nesta sexta (25), eles se reuniram no salão paroquial da cidade para entender o mistério da multiplicação dos gêmeos.

Tudo começou com a chegada dos primeiros imigrantes alemães, há mais de um século. Estes moradores apresentavam uma variação do gene P53, que está relacionado com a fertilidade. Este gene aumenta a chance de sobrevivência de embriões de gêmeos no útero.

Como a comunidade era pequena e afastada, esta característica se tornou mais frequente na região. Os cientistas acreditam que, no futuro, a descoberta poderá ajudar nos tratamentos de fertilidade.

“Pode ajudar outras mulheres, outras pessoas que tenham infertilidade. Se a gente descobriu um gene que realmente tem este mecanismo de manutenção da gestação”, explicou a geneticista Úrsula Matte.

A pesquisa ainda revelou um fato curioso: a maioria das mães que tiveram gêmeos tomou água de poço. Os mais antigos sempre acreditaram no poder desta água, mas a ciência não sabe se existe alguma relação. Outro mistério é ver se a tradição vai passar de mãe para filha.

“Eu gostaria de ter netos gêmeos. Mas elas não querem!”, revelou a mãe de Francine e Franciele.
Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 
Sitevip Internet