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Terça-feira, 23 de julho de 2024

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Pesquisa mostra que fibromialgia é pouco conhecida até pelos médicos

A fibromialgia atinge cerca de 2,5% da população brasileira, mas permanece desconhecida para a maior parte da população. Numa pesquisa do Instituto Harris Interactive, encomendada pela Pfizer, no Brasil, no México e na Venezuela, 75,3% dos pacientes entrevistados nunca tinham ouvido falar da doença até que receberam o diagnóstico.


O principal sintoma é a dor generalizada – espalhada por todo o corpo – e crônica – sentida todos os dias por, pelo menos, três meses. Há 18 pontos no corpo, localizados em articulações e no pescoço, que são considerados cruciais; se, em 11 desses pontos, o paciente sentir dor quando for tocado, se caracteriza a fibromialgia. Distúrbios do sono, fadiga, ansiedade e depressão também são sintomas conhecidos.

A medicina não sabe ao certo o que causa o mal, mas sabe que é um problema neurológico, e não uma doença psicossomática. A dor existe de fato, não é fruto da imaginação. A fibromialgia uma disfunção no sistema de percepção à dor que aumenta a sensibilidade; quem tem sente mais dor que o normal. “O alarme de incêndio está disparado, só que não tem incêndio”, compara o reumatologista Eduardo Paiva, chefe do Ambulatório de Fibromialgia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Números
Entre os médicos brasileiros ouvidos na pesquisa, 77% dos clínicos gerais e 84% dos considerados especialistas – reumatologistas, neurologistas, psiquiatras e especialistas em dor – disseram que a enfermidade não é muito conhecida, até mesmo dentro da própria categoria.

A preparação dos médicos é muito importante para o tratamento da fibromialgia, já que não existe um exame específico. O diagnóstico é clínico, ou seja, deve ser feito com base apenas na avaliação que o médico faz do paciente.

O desconhecimento de todas as partes atrapalha no diagnóstico. Os pacientes muitas vezes demoram a buscar ajuda. Dentre os participantes brasileiros da pesquisa que levaram mais de um mês para ir ao médico, 77% pensaram que os sintomas sumiriam sozinhos e 75% imaginaram que os controlariam. Em média, o diagnóstico só foi feito 4,7 anos após os primeiros sintomas, com 7,2 médicos consultados.

“Sem puxar a brasa para a minha sardinha, o reumatologista foi o médico que mais definiu a fibromialgia, então está mais acostumado”, argumenta Paiva. Segundo ele, o número de ortopedistas trabalhando no Brasil é dez vezes maior e, por isso, eles acabam recebendo os pacientes.

Tratamento
Não existe cura definitiva para a fibromialgia, mas ela pode ser controlada com medicamentos. “Uma coisa que a gente observa é que o paciente não pode ficar sem um programa de atividade física constante. Eu sempre brinco com meus pacientes e digo que fibromialgia não tira férias”, diz Paiva.

Muitas vezes, a atividade física é limitada pelas dores. Nesse caso, deve-se fazer o que for possível, sem exageros. Se o paciente só conseguir se exercitar por 15 minutos, ainda é melhor que ficar parado, então ele deve se exercitar. Os analgésicos ajudam no processo.

Há quem consiga controlar o mal sem tomar remédios, mas nem sempre isso é possível. Se for o caso, usá-los pelo resto da vida não chega a ser um problema. “Os pacientes têm muito medo de vício, mas as medicações que a gente usa não causam isso”, garante o especialista, que reforça: “dor crônica se trata cronicamente”.

Doença feminina
De 80% a 90% dos casos de fibromialgia são em mulheres, mas a medicina não sabe explicar por quê. “A presença do hormônio feminino não parece ser a mudança”, diz Paiva. Pesquisas mostram que a enfermidade costuma surgir entre os 30 e os 50 anos, e a menopausa não altera esses dados.

Segundo o especialista, mulheres são um pouco mais sensíveis à dor que os homens, mas isso não justificaria a diferença tão grande no número de diagnósticos.
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