Cerca de 1,3 milhão de anticoncepcionais foram retirados de circulação nos últimos quatro anos pela Vigilância Sanitária de São Paulo, após serem reprovados em análises feitas pelo Instituto Adolfo Lutz. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (30) pela Secretaria de Estado da Saúde.
De acordo com a pasta, um levantamento feito pelo Programa de Monitoramento da Qualidade de Contraceptivos analisou os anticoncepcionais distribuídos na rede pública paulista pelo Programa de Saúde da Mulher - ligado à secretaria - entre os anos de 2007 e 2010.
Ao todo, 154 amostras de 34 lotes foram analisadas no período e 29% delas foram consideradas insatisfatórias, sendo que 28% tiveram problemas nas análises físico-químicas e 1% na análise de rotulagem.
A pesquisa verificou 99 amostras de comprimidos, 52 de ampolas injetáveis e três contraceptivos de emergência, a “pílula do dia seguinte”. Segundo a secretaria, apesar de os comprimidos serem a forma de uso mais frequente, apenas 10% das amostras analisadas apresentaram algum tipo de irregularidade.
Injetáveis
Entre as amostras de anticoncepcionais injetáveis analisadas, 55% tiveram algum problema, de acordo com a secretaria. Além de problema na rotulagem, que não tinha o nome genérico da substância ativa nem o telefone do Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC), os injetáveis também apresentaram volume menor que o adequado ao produto, o que pode comprometer a eficácia e causar uma gravidez indesejada.
Ainda foram encontrados problemas no aspecto físico-químicos de contraceptivos injetáveis e comprimidos. No caso dos injetáveis, segundo a pesquisa, os problemas de aspecto podem ocasionar graves problemas após a aplicação, como necrose muscular e diminuição da eficácia do medicamento.
De acordo com a secretaria, depois de confirmadas essas irregularidades e diante das contraprovas exigidas pelos fabricantes, ações sanitárias foram tomadas pela pasta e os lotes de medicamentos de quatro laboratórios foram recolhidos.
Segundo a pesquisadora Blanca Markman, do Instituto Adolfo Lutz e responsável pelo estudo, alguns medicamentos que apresentaram irregularidades durante o estudo foram regularizados em lotes posteriores. Mesmo assim, afirma a secretaria, há um monitoramento constante do produto.
“Mesmo não havendo método anticoncepcional 100% seguro, a verificação da qualidade é fundamental para garantir a eficácia terapêutica e diminuir a gravidez indesejada”, diz a pesquisadora.