Olhar Direto

Domingo, 25 de agosto de 2024

Notícias | Ciência & Saúde

Carreta leva mamografia a cidadãs do interior do Brasil

O projeto nasceu no Hospital do Câncer de Barretos, uma referência para pacientes do país inteiro. Carretas equipadas com mamógrafos percorrem o interior do país, indo a cidades onde as mulheres jamais teriam chance de fazer o exame.

imprimir

Na série de reportagens sobre o câncer de mama que o Jornal Nacional está exibindo esta semana, Lília Teles mostra um projeto que tem apresentado resultados positivos.

É uma carreta como outra qualquer pelas estradas do Brasil. Mas ela carrega o que muitas brasileiras sonham: mamografia de graça e perto de casa.

Em um país de dimensões continentais, muitas vezes é difícil trazer as mulheres até onde está o recurso. Alternativa é levar o exame aos lugares mais distantes. Para isso, carretas equipadas com mamógrafos percorrem o interior do Brasil, indo a cidades onde as mulheres jamais teriam chance de fazer a mamografia.

A equipe do Jornal Nacional acompanhou uma que saiu de Juazeiro em direção ao sertão baiano. O destino era Curaçá. O caminhão seguiu pelas rodovias do interior da Bahia. São quase cem quilômetros percorridos lentamente.

Em alguns lugares o asfalto é tão esburacado, que até mesmo a pé, é possível andar mais rápido do que o caminhão. A viagem pode durar até cinco horas. Como o mamógrafo é sensível, o caminhão é equipado com amortecedores especiais, para evitar que o equipamento fique descalibrado.

“Atenção mulheres de Curaçá, com idades entre 40 e 69 anos, a carreta da mamografia já se encontra na cidade”, anuncia a carreta ao chegar

“A mamografia é o principal exame de detecção precoce, descoberta do câncer quando ele está bem pequenininho, no estágio inicial”, explica um dos médicos do projeto.

É um privilégio, em um país que cria tantos obstáculos. “A gente tem que ir para fora, se deslocar, então se torna cansativo, dispendioso. Principalmente para os mais humildes. Aí a gente vai deixando de mão, deixando de mão e quando vê o tempo passou”, conta a professora Dulcimar da Silva.

O tumor encontrado em Dona Isabel foi descoberto no primeiro exame. Mas ela tinha passado dos 60 anos e achava que poderia resolver o problema sozinha. “Eu fiz o autoexame e topei com um caroçozinho. Aí fui à farmácia e comprei antibiótico, tomei, pensando que fosse qualquer inflamação. Ainda é uma doença que causa muito pânico nas mulheres”, lembra.

“No início do projeto, a gente pegava pacientes com cânceres avançados, tumores grandes de até 20 centímetros. Hoje, a gente já está conseguindo detectar cânceres cada vez menores”, diz o médico Adriano Bonafin.

O trabalho feito no sertão baiano foi idealizado a 2.083 quilômetros de distância, no interior de São Paulo. O projeto nasceu no Hospital do Câncer de Barretos, uma referência para pacientes do Brasil inteiro.

Só de Rondônia, no Norte do país, 96% das mulheres com câncer de mama viajam para Barretos para receber tratamento. Dona Eloá saiu de Juara, a 700 quilômetros de Porto Velho. Cinco dias de viagem até Barretos para conseguir o que não foi possível na cidade dela.

“Uma mamografia para você fazer na minha cidade, você espera seis meses. Como você vai ficar esperando ali com uma doença que não pode esperar? Acaba morrendo. Ou quando vai fazer já não tem mais jeito”, diz ela.

Cem por cento dos atendimentos no Hospital de Câncer de Barretos são feitos pelo SUS. O dinheiro do governo não é suficiente para atender à demanda que cresce muito. O que faz com que todas as pessoas sejam atendidas de graça é a ação de voluntários. As doações complementam o orçamento e não deixam o serviço parar nem perder a qualidade.

O desafio do hospital é seguir o protocolo da Holanda, que, com prevenção, reduziu drasticamente os índices de câncer de mama em estágio avançado no país.

A região de Barretos já sente os efeitos desse trabalho. “Nós não temos, na região próxima, mais que 2% de casos de câncer avançado. Quando nós começamos este processo, tinha mais de 70% de câncer avançado”, lembra Henrique Prata, gestor do hospital.

As amigas Edith e Leosina foram operadas de câncer de mama no Hospital de Barretos, mas já estão de volta à tranquilidade de Juazeiro.

“É uma vitória grande. A gente pode dizer assim: nós somos guerreiras para vencer uma enfermidade dessas. É maravilhoso demais”, comemora Edith.

São histórias com final feliz que a carreta do Hospital de Barretos quer espalhar por muitas partes do Brasil.

O governo de Rondônia declarou que gasta R$ 25 milhões por ano para possibilitar que pacientes de câncer se tratem fora do estado.

Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 
Sitevip Internet