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Segunda-feira, 22 de julho de 2024

Notícias | Ciência & Saúde

Levedura da cerveja mais consumida do mundo tem origem nas Américas

Quando Cristóvão Colombo e seus marujos levaram a nau Santa Maria e as caravelas Pinta e Niña da Espanha até a América, em 1492, mudaram para sempre a história do mundo. Nos anos que se seguiriam, começou um grande intercâmbio de produtos. Ouro e prata, metais preciosos, eram os principais alvos dos colonizadores, mas, no processo, também foram transportadas muitas espécies de um continente para o outro.


Uma pesquisa publicada nesta segunda-feira (22) pela revista Proceedings of the National Academy of Sciences mostra que até a produção da cerveja teve os rumos mudados pelas novidades que vieram da América. E isso aconteceu na Baviera – hoje um estado alemão –, que não participou da exploração do Novo Mundo.

Cerveja: história e química
Durante a Idade Média, a cerveja produzida na Europa era do tipo Ale. Ela é fermentada pela levedura Saccharomyces cerevisiae, um fungo microscópico.

Durante o verão, os cervejeiros bávaros armazenavam a cerveja em cavernas e porões, que ficavam frios. Ao longo dos anos, porém, eles perceberam que o processo de fermentação continuava, criando um novo tipo de cerveja, completamente diferente, mais clara que a Ale. A Lager, como foi batizada, se tornou preferência mundial e é hoje o tipo mais consumido no mundo – a cerveja Pilsen, que domina o mercado brasileiro, é um subtipo da Lager.

Os químicos modernos sabiam que o novo tipo se devia a uma espécie diferente de levedura. A Saccharomyces pastorianus é um híbrido entre a S. cerevisiae e algum outro fungo do mesmo gênero, capaz de fazer fermentação em baixas temperaturas.

“As pessoas estão procurando essa coisa [a outra espécie responsável pela formação do fungo híbrido] havia décadas”, afirmou Chris Hittinger, da Universidade de Wisconsin, nos EUA, membro da equipe que envolve também pesquisadores de Portugal e da Argentina.

A espécie tão procurada foi encontrada na região da Patagônia, na Argentina. A recém-descoberta Saccharomyces eubayanus compartilha com a S. pastorianus 99,5% do genoma que não vem da S. cerevisiae. “É claramente a espécie que estava faltando”, completou Hittinger. Os cientistas acreditam que o fungo tenha feito a longa e inusitada viagem a bordo de algum navio, dentro de um pedaço de madeira ou de um inseto que o tenha ingerido.
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