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Segunda-feira, 22 de julho de 2024

Notícias | Ciência & Saúde

Cientistas desvendam genoma completo do 'primo' da soja

A sequência completa do DNA do guandu, uma leguminosa comum na região central do Brasil, foi desvendada por cientistas indianos na cidade de Hyderabad, em parceria com chineses. Os resultados do trabalho do Instituto Internacional de Pesquisas de Colheita nos Trópicos Semiáridos (Icrasat, na sigla em inglês) foram divulgados na revista científica "Nature Biotechnology".


Adaptada a altas temperaturas e condições de seca, o guandu teve seus 48.680 genes. Desses, cerca de 200 são únicos da espécie (Cajanus cajan) e estão ligados à capacidade de resistência da planta às secas.

Os pesquisadores acreditam que esse traço genético possa ser transferido a vegetais da mesma família do guandu, como a soja, o feijão-caupi e outros tipos de vagem.

Tida antigamente como uma planta cultivada apenas por fazendeiros pobres, o guandu poderá ganhar espaço no mundo como uma das principais espécie de plantio agora que o genoma inteiro do vegetal é conhecido.

O guandu é a segunda leguminosa a ter seu genoma desvendado, atrás apenas da soja. Para William Dar, diretor-geral do Icrasat, atualmente são necessários até 10 anos para gerar uma nova variedade do guandu. Com o sequenciamente genético, este tempo pode cair para até 3 anos.

Estima-se que o guandu exista em até 5 milhões de hectares no mundo, especialmente na América do Sul, na Ásia e na África Subsaariana. A Índia é o principal produtor da planta no mundo, mas até neste país asiático o aproveitamento da colheira é baixo, já que cada hectare dá origem a apenas 1 tonelada do vegetal.

Com o conhecimento do genoma, os produtores esperam poder evitar pestes e doenças na espécie, além de aumentar a resistência às mudanças climáticas para garantir colheitas melhores.

O aproveitamento viria em boa hora, já que o guandu é um dos principais alimentos de milhões de pessoas em regiões semiáridas do mundo, especialmente no Chifre da África, área a leste do continente que passa por grave crise alimentícia, sobretudo na Somália.

O vegetal é conhecido pejorativamente como "carne dos pobres", pois serve como fonte de proteína às populações em países como Índia, Bahamas, Porto Rico, Panamá e Guiana.
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