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Segunda-feira, 22 de julho de 2024

Notícias | Ciência & Saúde

Corte no fundo de Aids é um desastre, diz chefe dos Médicos Sem Fronteiras

A notícia de que o maior fundo mundial para luta contra Aids, tuberculose e malária cortará novos financiamentos terá efeitos enormes nos países que enfrentam essas doenças, avalia o presidente internacional da organização humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF). "Não podemos resolver o problema, mas vamos pressionar para que todos os ganhos que fizemos até agora em diversos países não sejam perdidos", disse o médico indiano Unni Karunakara em um encontro com jornalistas na manhã desta terça-feira (29), em São Paulo.


"A décima primeira rodada de investimentos foi cancelada por causa da crise, e isso é um problema. Fizemos muitos avanços. Em 2000, ninguém com Aids na África recebia tratamento do governo, e hoje 7 milhões se tratam. Naquela época, o tratamento era caro e hoje custa US$ 70 por pessoa por ano. Estamos atualmente num patamar em que, se pararmos, corremos o risco de regredir no que alcançamos."

Segundo o Global Fund to Fight Aids, Tuberculosis and Malaria, não haverá concessão de novos financiamentos até 2014, e, até lá, os países de renda baixa ou média podem pedir recursos emergenciais. O fundo de origem público-privada é o maior órgãor para financiamento e fornece mais de 70% dos fundos para drogas antirretrovirais nos países em desenvolvimento.

Segundo a agência Reuters, países do sul da África que dependem muito da ajuda do Fundo Global, incluindo a Suazilândia, Maláui, Zimbábue e Moçambique, devem ver um aumento das mortes e infecções como resultado da escassez de financiamento.

Os Médicos
Além do problema do corte no financiamento da luta contra a Aids, Unni Karunakara falou sobre as demais crises humanitárias, como as da Somália, Haiti e Sudão do Sul, e sobre a atuação dos Médicos Sem Fronteiras nesses locais. "Negociamos com todos os setores da sociedade e temos princípios muito firmes." Nesta segunda, o grupo radical al-Shabab, que controla parte da Somália, divulgou uma lista com 16 ONGs e agências da ONU que estariam banidas de trabalhar na região. O MSF não estava na lista.

A organização vive majoritariamente de doações - 90% do orçamento - e atua em 67 países. Segundo Unni, menos de 10% das doações vêm de instituições, e elas são selecionadas pelo grupo. "Não recebemos doações do governo americano, por exemplo, nem das indústrias farmaceuticas nem de tabaco, petróleo etc."

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