número de casos de hanseníase em Campo Grande aumentou em 2011, segundo balanço divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde (Sesau). Os dados apontam que, até o mês de novembro de 2011, foram notificados 125 novos casos da doença, enquanto em 2010 chegou a 89 o total de casos confirmados.
Neste domingo (29), Dia Mundial de Combate à Hanseníase, uma equipe multidisciplinar formada por médicos, enfermeiros e técnicos do hospital São Julião estará na feira do bairro Guanandi para orientar os moradores sobre a importância do disgnóstico precoce da doença e as formas de tratamento.
“É importante que as pessoas saibam que a hanseníase tem cura e quanto antes for diagnosticada, mais rápido será o tratamento”, explicou o diretor administrativo do hospital, Amilton Alvarenga. A ação será realizada na feira do bairro Guanandi, na rua Barra mansa, esquina com a avenida Manoel da Costa Lima.
Projeto Social
O hospital São Julião e referência para o tratamento médico de hanseníase no país. Atualmente, 150 pacientes de Mato Grosso do Sul e de outros estados fazem o tratamento na instituição.
Alvarenga explica que a instituição também mantém um projeto social que abriga os idosos que tiveram a doença e que foram internados compulsoriamente em hospitais no período de 1920 até 1986. “Nessa época, as pessoas com diagnóstico de hanseníase eram obrigadas a se isolar da sociedade em hospitais para evitar o contato com outras pessoas”, explicou o diretor.
O idoso José Garcia da Cruz, de 106 anos, viveu essa realidade. “Temos registros da chegada dele no São Julião em 1941, poucos dias depois da inauguração do local. Ele foi o 6º paciente a ser internado e vive aqui há pouco mais de 70 anos”, confirma o diretor.
Em entrevista ao G1, Cruz revelou como foi difícil vencer o preconceito por conta da doença. “Quando eu ia ao mercado era um problema, principalmente na hora de pagar, porque as pessoas não queriam pegar o dinheiro porque tinham medo de encostar em mim. Elas tinham medo de pegar a doença”, contou ele.
Cruz mora com outros dez idosos que passaram pela mesma situação que ele. No quarto dele, ao lado da cama, fica uma imagem de Nossa Senhora Aparecida e a fotografia do último aniversário, comemorado com os amigos que conquistou dentro do hospital.
"Ele vai à missa todos os domingos de manhã, gosta de passear a tarde e está sempre rindo e de bom humor. Todo mundo gosta muito dele por aqui, é um exemplo para nós", conta Mauro Sérgio, funcionário que cuida dos idosos.
Segundo a direção administrativa do hospital, depois de tanto tempo isolado, ele teve dificuldades para se reinserir na sociedade. “Mesmo curado da doença ele não quis sair do hospital”, afirmou o diretor.
Em 2007, Cruz passou a receber uma pensão especial vitalícia do governo federal. Ele foi o primeiro brasileiro a receber o benefício.
Sintomas da Hanseníase
Especialistas explicam que a hanseníase é uma doença causada por um bacilo e afeta principalmente a pele e o sistema nervoso periférico.
Os principais sintomas da doença são manchas brancas ou avermelhadas na pele, partes do corpo com dormência ou formigamento, dor nos nervos dos braços, pernas e pés, perda de sensibilidade à dor e caroços inchados pelo corpo.
Qualquer pessoa que apresentar alguns desses sintomas pode procurar uma unidade básica de saúde da cidade para passar por atendimento clínico e exames.
Tratamento
A hanseníase tem cura. No Brasil, o tratamento para pacientes hansenianos é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pode durar de seis meses a um ano.
Quanto mais cedo a doença for diagnosticada, mais rápido será o tratamento.