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Domingo, 21 de julho de 2024

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'Tinham medo de encostar em mim', diz idoso que se curou da hanseníase

Foto: Tatiane Queiroz/ G1 MS

'Tinham medo de encostar em mim', diz idoso que se curou da hanseníase
número de casos de hanseníase em Campo Grande aumentou em 2011, segundo balanço divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde (Sesau). Os dados apontam que, até o mês de novembro de 2011, foram notificados 125 novos casos da doença, enquanto em 2010 chegou a 89 o total de casos confirmados.


Neste domingo (29), Dia Mundial de Combate à Hanseníase, uma equipe multidisciplinar formada por médicos, enfermeiros e técnicos do hospital São Julião estará na feira do bairro Guanandi para orientar os moradores sobre a importância do disgnóstico precoce da doença e as formas de tratamento.

“É importante que as pessoas saibam que a hanseníase tem cura e quanto antes for diagnosticada, mais rápido será o tratamento”, explicou o diretor administrativo do hospital, Amilton Alvarenga. A ação será realizada na feira do bairro Guanandi, na rua Barra mansa, esquina com a avenida Manoel da Costa Lima.

Projeto Social
O hospital São Julião e referência para o tratamento médico de hanseníase no país. Atualmente, 150 pacientes de Mato Grosso do Sul e de outros estados fazem o tratamento na instituição.

Alvarenga explica que a instituição também mantém um projeto social que abriga os idosos que tiveram a doença e que foram internados compulsoriamente em hospitais no período de 1920 até 1986. “Nessa época, as pessoas com diagnóstico de hanseníase eram obrigadas a se isolar da sociedade em hospitais para evitar o contato com outras pessoas”, explicou o diretor.

O idoso José Garcia da Cruz, de 106 anos, viveu essa realidade. “Temos registros da chegada dele no São Julião em 1941, poucos dias depois da inauguração do local. Ele foi o 6º paciente a ser internado e vive aqui há pouco mais de 70 anos”, confirma o diretor.

Em entrevista ao G1, Cruz revelou como foi difícil vencer o preconceito por conta da doença. “Quando eu ia ao mercado era um problema, principalmente na hora de pagar, porque as pessoas não queriam pegar o dinheiro porque tinham medo de encostar em mim. Elas tinham medo de pegar a doença”, contou ele.

Cruz mora com outros dez idosos que passaram pela mesma situação que ele. No quarto dele, ao lado da cama, fica uma imagem de Nossa Senhora Aparecida e a fotografia do último aniversário, comemorado com os amigos que conquistou dentro do hospital.

"Ele vai à missa todos os domingos de manhã, gosta de passear a tarde e está sempre rindo e de bom humor. Todo mundo gosta muito dele por aqui, é um exemplo para nós", conta Mauro Sérgio, funcionário que cuida dos idosos.

Segundo a direção administrativa do hospital, depois de tanto tempo isolado, ele teve dificuldades para se reinserir na sociedade. “Mesmo curado da doença ele não quis sair do hospital”, afirmou o diretor.

Em 2007, Cruz passou a receber uma pensão especial vitalícia do governo federal. Ele foi o primeiro brasileiro a receber o benefício.

Sintomas da Hanseníase
Especialistas explicam que a hanseníase é uma doença causada por um bacilo e afeta principalmente a pele e o sistema nervoso periférico.

Os principais sintomas da doença são manchas brancas ou avermelhadas na pele, partes do corpo com dormência ou formigamento, dor nos nervos dos braços, pernas e pés, perda de sensibilidade à dor e caroços inchados pelo corpo.

Qualquer pessoa que apresentar alguns desses sintomas pode procurar uma unidade básica de saúde da cidade para passar por atendimento clínico e exames.

Tratamento
A hanseníase tem cura. No Brasil, o tratamento para pacientes hansenianos é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pode durar de seis meses a um ano.

Quanto mais cedo a doença for diagnosticada, mais rápido será o tratamento.
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