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Domingo, 21 de julho de 2024

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Desmaios frequentes podem ser problema no sistema circulatório

Até 70% das pessoas já desmaiaram ou vão desmaiar pelo menos uma vez na vida. Se isso ocorrer mais de duas vezes em seis meses, é sinal de alerta.

Até 70% das pessoas já desmaiaram ou vão desmaiar pelo menos uma vez na vida. Se isso ocorrer mais de duas vezes em seis meses, é sinal de alerta. Cerca de 70% dos pacientes que procuram serviços de saúde em decorrência de desmaios têm a síndrome vasovagal.


Esse problema no sistema circulatório causa desmaios e outros sintomas, muitas vezes confundidos com epilepsia, labirintite, hipoglecemia e até doença do pânico. Pode ser numa queda brusca de pressão, num momento de fortes emoções – como casamentos e enterros – ou ao ficar muito tempo em pé em filas e shows.

Além da perda de consciência, a pessoa sente tontura, mal-estar, calor, enjoo, palpitação, suor frio, palidez, pressão baixa, pulsação lenta e sensação de escurecimento da visão.

De acordo com os cardiologistas Roberto Kalil e Denise Hachul, o desmaio é uma defesa do organismo, que, assim como um gerador sobrecarregado, desliga-se repentinamente. Todas as pessoas em situação de extremo estresse físico ou emocional podem desmaiar, mas isso não significa que elas tenham a síndrome vasovagal.

Geralmente, indivíduos com a doença desmaiam repetitivamente, em situações habituais do dia a dia. Quando eles caem no chão, o sangue se redistribui naturalmente e a consciência é recuperada.

Isso ocorre de forma semelhante a uma garrafa de água quase cheia. Quando ela está deitada, o líquido se espalha facilmente. Mas, quando fica em pé, a água desce para o fundo, pela gravidade.

Ao levantarmos, essa força desloca cerca de 30% do volume de sangue para os membros inferiores. Nessa situação, o corpo precisa da ação do sistema nervoso autônomo para bombear o sangue de volta para o cérebro. No caso de quem tem a síndrome vasovagal, a contração dos vasos sanguíneos, que é fundamental para esse bombeamento, não é eficiente.

Nessa postura, o sangue é represado nos membros inferiores e na região da pelve. Quando a pessoa com a síndrome fica nessa posição, os vasos periféricos não se contraem como deveriam e não bombeiam o sangue de baixo para cima.

A quantidade de sangue diminui nas carótidas e no coração. As artérias do peito e do pescoço têm sensores que detectam se a pressão está maior ou menor. Quando os vasos estão vazios, os sensores automaticamente mandam um estímulo para o cérebro. Com a adrenalina, o coração bate mais rápido, a circulação aumenta e vêm os sintomas.

Sistema nervoso autônomo e nervo vago
O sistema nervoso autônomo controla o funcionamento automático do corpo, como respiração, batimentos cardíacos, temperatura, digestão. É dividido em simpático e parassimpático, que são opostos e trabalham em conjunto para equilibrar as necessidades do organismo. Por exemplo: um acelera os batimentos cardíacos, o outro desacelera; um dilata os vasos, o outro contrai.

Dentro desse sistema, há o nervo vago, que inerva o coração, esôfago, estômago, intestino, bexiga, pulmões, vasos sanguíneos, pupilas, glândulas sudoríparas e salivares. Suas células comunicam-se também com o sistema nervoso central, por isso emoções intensas podem provocar síncopes vasovagais.

Em pessoas que não têm a síndrome, o aumento da pressão sanguínea e dos batimentos cardíacos são compensados naturalmente. Já quem tem a doença não consegue fazer isso.

Nesse caso, os vasos sanguíneos apresentam um defeito na contração e o fluxo de sangue e a oxigenação do cérebro não atingem níveis satisfatórios. Subitamente, a frequência cardíaca e da pressão caem e a pessoa desmaia.

Um teste para saber se você tem o problema é oferecido no Sistema Único de Saúde (SUS).

Dicas
- Se você tem a síndrome, tire sangue deitado. Faça movimentos com as mãos, abrindo e fechando os dedos. Isso melhora o bombeamento e a circulação do sangue e evita o desmaio.

- Evite ficar em pé por um tempo prolongado, principalmente em ambientes quentes e fechados. Movimente-se, principalmente as pernas e panturrilhas.

- Se for desmaiar, deite-se ou aproxime-se do chão para não se machucar na queda. Se não for possível deitar, sente-se, abaixe o tronco e contraia as mãos e os braços.

- Caso uma pessoa ao seu lado desmaie, não a levante, pois o corpo dela vai demorar mais tempo para se recuperar. Deixe-a deitada, com os pés elevados, até que se restabeleça. Se a vítima tiver náuseas, mantenha o corpo levemente inclinado para o lado, para evitar aspiração de vômito.

- Beba bastante líquidos, pelo menos 2 litros por dia. Estudos mostram que a ingestão de 500 ml de água é capaz de aumentar a pressão arterial e prolongar a capacidade de ficar em pé por um longo tempo.

- Se você não tem pressão alta nem insuficiência cardíaca, coloque mais sal na comida. Pesquisas revelam que o sal melhora a tolerância em pé porque aumenta o volume sanguíneo total e ajuda a contração dos vasos sanguíneos, inclusive no cérebro.

Exercício
O treinamento postural ou "tilt training" é indicado para pacientes com síndrome vasovagal. Ele é simples de ser feito. O paciente deve ficar em pé e apoiar as costas numa parede por 30 minutos ou pelo tempo máximo tolerado. Essa posição deve ser repetida diariamente, e o ambiente não deve conter objetos cortantes ou pontiagudos, para que não haja risco em caso de queda.

O tempo de tolerância postural aumenta progressivamente com a repetição desse treinamento, pois a exposição frequente à postura ereta promove uma espécie de condicionamento dos reflexos que controlam a pressão arterial.
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