Pesquisadores espanhóis elaboraram um tratamento com nanopartículas que inibe 100% das metástases linfáticas em ratos com linfoma de manto (forma agressiva de linfoma não-Hodgkin), segundo resultado divulgado nesta quinta-feira (7) pela equipe de estudos formada por cientistas da Universidade de Navarra em colaboração com o Centro de Pesquisa do Câncer de Salamanca.
O tratamento é feito com um remédio baseado em nanopartículas lipídicas carregadas com o fármaco anti-tumoral edelfosina, administrado de forma oral.
A pesquisa, publicada na revista 'Nanomedicine UK', 'demonstra que essas nanopartículas são capazes de se acumular nos gânglios linfáticos e destruir seletivamente as células tumorais que lá se encontram' e, além disso, 'tornam possível a liberação do fármaco anti-tumoral de maneira sustentada'.
Este fato, unido à administração oral do remédio, 'evitaria', segundo a Universidade de Navarra, a hospitalização que a quimioterapia tradicional requer, já que neste caso o tratamento é feito por via intravenosa.
O estudo destaca que as nanopartículas 'são capazes de atacar as células doentes sem atingir as boas, ou seja, são fármacos seletivos e pouco tóxicos'.
O grupo de pesquisa analisou a eficácia desses nanossistemas terapêuticos em ratos com linfoma de manto, uma doença atualmente incurável e cuja evolução é variável em cada paciente, embora a média de sobrevivência seja de três a quatro anos.
Os resultados do estudo indicam que uma administração de nanopartículas de edelfosina a cada quatro dias 'é tão eficaz como uma administração diária do fármaco sem nanopartículas para a redução do tamanho do linfoma de manto implantado em ratos', ressalta o centro.
No entanto, o resultado 'mais surpreendente' da pesquisa foi observado ao ser analisada a capacidade antimetastática das nanopartículas com edelfosina.
'Enquanto a administração diária do fármaco sem nanopartículas reduzia as metástases em 50%, a administração a cada quatro dias das nanopartículas com edelfosina eliminou 100% das metástases linfáticas', ressalta.
Estes resultados abrem uma nova porta na pesquisa e desenvolvimento de tratamentos mais eficazes e seguros contra diversos tipos de câncer, diz a universidade. Os cientistas ainda afirmaram que conseguiram bons resultados em cobaias com glioma (tumor cerebral), e que está sob análise a eficácia dos nanossistemas em casos de leucemia linfoblástica aguda e câncer de mama.