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Sábado, 20 de julho de 2024

Notícias | Ciência & Saúde

Jovens e crianças são 67% dos atendidos por uso de crack em SP

Uma pesquisa realizada pela Assembleia Legislativa de São Paulo aponta que 67% dos atendidos por uso de crack no sistema público de saúde, em 2011, têm até 30 anos.


O levantamento faz parte do Mapa do Crack, que foi apresentado nesta quinta-feira (13) pela Frente Parlamentar de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas.

Ao todo, foram reunidos dados de 299 municípios paulistas, que concentram 74% da população do estado (ou 32 milhões de habitantes). Os números revelam que o crack é a droga ilícita mais presente em 47% das cidades. Um dado que chama a atenção é a quantidade de atendimentos a pessoas com até 13 anos viciadas em crack: 6%. “São cerca de 3 mil crianças que já estão no mundo do crack”, afirmou o deputado Jooji Hato, um dos integrantes da frente parlamentar. Usuários com idades entre 14 e 20 anos representam 21% dos atendimentos; os de 21 a 30 anos são responsáveis pela maioria dos atendimentos: 40%.

Para o médico Sergio Duailibi, pesquisador do Instituto Nacional de Políticas de Álcool e Drogas (Inpad), esses dados mostram a necessidade de novas políticas de atendimento público. “Atendimento especializado a adolescentes é quase nulo”, afirmou. “O início [do uso de crack] está sendo cada vez mais precoce.”

O especialista, que também é professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), disse que internar juntos adolescentes e adultos, sem distinção de sexo, acarretam diversos problemas. “O risco de serem violentados ou de violentarem, de brigas e de fugas é muito grande.”

Municípios
A pesquisa também indica que o crack passou o álcool como a droga mais presente nos atendimentos públicos em 58 dos 299 municípios abordados (19% do total). A região que traz maior preocupação é a de São José do Rio Preto, em que 19 cidades têm o crack como o entorpecente mais presente.

Os números sugerem também que os municípios que mais sofrem são os com população entre 50 mil e 100 mil moradores. Nessas cidades, a média do número de atendimentos a viciados de crack foi de 3,39 por mil habitantes (a média geral, dos 299 municípios, foi de 1,63 por mil).

Isso demonstra, segundo os coordenadores da pesquisa, uma migração do tráfico dos grandes centros urbanos, mais acostumados a enfrentar o problema, para cidades menores. “Os traficantes viram que é muito mais lucrativo ir para outros municípios”, disse Duailibi.

Levantamento nacional feito pelo Inpad aponta que o Brasil é o maior consumidor de crack do mundo: em 2011, 1,3 milhão de pessoas usaram a droga ao menos uma vez. O estado de São Paulo é onde se concentra a maioria desses usuários: 800 mil.

Segundo o deputado Hato, o levantamento vai servir como base para que a assembleia crie leis que combatam não só o crack, mas principalmente o álcool. “A bebida é a porta de entrada para o crack”, disse.
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