Uma terapia genética aplicada por cientistas americanos em ratos e furões mostrou-se capaz de proteger os animais contra diferentes vírus responsáveis por pandemias de gripe, incluindo a cepa da gripe espanhola, que causou cerca de 50 milhões de mortes em 1918, revelou um estudo publicado na quarta-feira (29), na revista americana "Science Translational Medicine".
Segundo os autores, uma simples dose de um vírus adeno-associado ajudou a proteger as cobaias da infecção da gripe, ao ativar um anticorpo que neutraliza as cepas de influenza pandêmica nas fossas nasais dos bichos.
Os vírus adeno-associados, usados para transferir genes, não são patogênicos e existem naturalmente em humanos e primatas. A pesquisa também mostrou que uma simples dose desse vírus protegeu completamente os animais expostos, em seguida, aos vírus H5N1 e H1N1, altamente patogênicos e causadores de gripes mortais.
Essas cepas se isolaram a partir de amostras associadas com várias pandemias históricas, inclusive as de 1918 e 2009.
"Os experimentos descritos no nosso estudo demonstram a eficácia desse enfoque nos animais, que poderia ser usado para lutar contra qualquer pandemia ou agente de bioterrorismo, para os quais os anticorpos estão disponíveis e podem ser facilmente isolados", disse o principal autor do estudo, James Wilson, da Universidade da Pensilvânia.
"O desenvolvimento dessa tecnologia genética se tornou ainda mais urgente com o surgimento recente, na China, da gripe aviária H7N9, mortal para os humanos", destacou.
A pesquisadora Maria Lambris, da mesma universidade, considerou que a grande inovação é o uso de vírus adeno-associados para obter uma vacina profilática simples e eficaz nas fossas nasais.
"Os anticorpos têm sido utilizados contra o câncer e o tratamento de doenças autoimunes, mas não para lutar contra doenças infecciosas", disse. "Essa nova técnica permite o desenvolvimento de uma vacina profilática contra a gripe, de custo menor, fácil administração e rápida fabricação", destacou.
Os cientistas trabalham agora com várias partes interessadas no projeto, para acelerar o desenvolvimento dessa tecnologia e explorar o potencial dos adeno-vírus como vetor para obter um antídoto biológico contra armas químicas.