Em São Paulo, médicos fizeram um protesto nesta quarta-feira (26). Eles são contra a proposta do Governo Federal de trazer estrangeiros para aliviar a falta de profissionais em algumas regiões.
Na maior cidade do país, hospitais com leitos improvisados. Foi o que encontrou há um mês a reportagem do Bom Dia Brasil.
Para acabar com essa situação caótica que já virou rotina nos hospitais brasileiros, o Governo Federal propôs uma medida emergencial: importar médicos estrangeiros.
“Queremos trazer médicos estrangeiros para preencher aquelas vagas que o médico brasileiro não foi ou que não temos o número suficiente para preencher”, diz o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
As associações médicas prometeram entrar na Justiça contra o Ministério da Saúde caso os profissionais estrangeiros não sejam submetidos a um exame para revalidar os diplomas de outros países.
"Esses profissionais, na sua grande maioria, não estão capacitados para exercer a medicina em nosso país e isso coloca diretamente em risco a saúde da população", declara Florisval Meinão, presidente da Associação Paulista de Medicina.
Na Avenida Paulista, médicos e enfermeiros protestaram contra a medida.
Especialistas em saúde pública são unânimes: bom tratamento da população não depende só de médicos. São necessários hospitais, laboratórios, remédios. Por isso, eles dizem que sem investimento em infraestrutura, as medidas do governo não resolvem o problema do país.
O diagnóstico da Associação Médica Brasileira é que falta boa gestão do orçamento.
“Nós vemos que existe uma dificuldade muito grande de financiamento e gestão do sistema, que impedem um bom exercício da medicina, uma boa assistência aos pacientes do SUS”, declara José Bonamigo, diretor da Associação Médica Brasileira.
O plano do governo inclui também formar mais médicos. Abrir novas vagas para graduação e para especialização.
O coordenador de um dos mais procurados programas de residência do país diz que as vagas são bem vindas, mas precisam ser distribuídas nas regiões mais carentes.
“Norte, Nordeste e Centro-Oeste, que é uma maneira de fixar médicos. Nessas regiões, nós precisamos de bons médicos. É muito mais difícil ser médico em uma região como essa do que nos grandes centros”, explica o coordenador de residência médica da USP, Luis Yu.
O ministro da Saúde reconhece a necessidade de investir em infraestrutura.
“Estamos investindo R$ 7,1 bilhões junto com estados e municípios para construir novas unidades básicas de saúde, reformar as unidades que tem e hoje temos unidades básicas construídas novas, mas combinado com isso precisa ter médico para o hospital funcionar, para a unidade funcionar, para a UPA 24 horas funcionar”, declara o ministro.