Um exame de sangue desenvolvido por cientistas de uma universidade americana conseguiu detectar, com mais de 90% de precisão, se pacientes com doenças respiratórias sofriam de uma infecção causada por bactérias ou vírus. O teste, divulgado nesta quarta-feira na revista especializada Science Translational Medicine, pode ajudar os médicos a diagnosticar e tratar mais rapidamente essas doenças.

"Em casos como da gripe pandêmica ou do coronavírus que irrompeu no Oriente Médio, é extremamente importante diagnosticar a doença viral de maneira mais precisa e rápida do que é feito pelos métodos tradicionais", diz Geoffrey S. Ginsburg, da Universidade Duke e coautor do estudo. "Os testes atuais requerem conhecimento do patógeno para confirmar a infecção, porque eles são específicos de cepas. Mas nosso teste pode ser usado imediatamente quando um novo, desconhecido patógeno aparece."

O segredo do exame é que o corpo, quando atacado por um vírus, reage de forma diferente de quando combate uma infecção por bactéria. São certos genes que são ativados durante o ataque de vírus que criam uma espécie de "impressão digital" que identifica o patógeno culpado.

"Isso é importante não somente em pandemias virais nas quais a infecção pode ser causada por um vírus desconhecido, mas também em tratamento de rotina, no qual a decisão de tratar ou não com antibiótico é um paradigma", diz o líder do estudo Aimee K. Zaas.

Durante o estudo, 102 pessoas chegaram ao hospital da Duke. Dentre eles, 28 tinham infecção viral, 39 por bactéria e 35 estavam saudáveis e foram usados para controle. Com o teste, os pesquisadores conseguiram uma precisão mais de 90% para descobrir se havia infecção e se esta era causada por vírus ou não. Os próximos passos do estudo são aumentar a escala dos testes e tentar diminuir o tempo necessário para o resultado do exame - que atualmente leva 12 horas.

"Um dos grandes problemas globais atualmente é o surgimento de bactérias resistentes, e isso é devido ao uso excessivo de antibióticos", diz Christopher W. Woods, professor da Duke. "Uma ferramenta que nos permita identificar com precisão infecções virais pode frear o uso indiscriminado de antibióticos e reduzir o desenvolvimento de patógenos resistentes."