Alterações no funcionamento de neurônios do hipotálamo são uma das causas da obesidade, segundo cientistas do Instituto de Pesquisas Biomédicas August Pi i Sunyer de Barcelona. O trabalho, apresentado nesta quinta-feira, revela os mecanismos pelos quais o controle do apetite e do peso corporal estão regulados pelo sistema nervoso central, pelas interações dentro de neurônios POMC, encontrados no hipotálamo. Em condições normais, os neurônios POMCsão ativados por um hormônio chamado leptina, que é liberado no corpo quando há acúmulo excessivo de gordura e que, ao entrar em contato com os neurônios, faz com que eles fabriquem as moléculas necessárias para regular a fome e o gasto energético. Segundo o estudo, as dietas ricas em gorduras provocam nos neurônios resistência à leptina, que perde a capacidade de exercer sua função reguladora do apetite e do peso. Assim, algumas pessoas obesas parecem se tornar imunes à leptina, apesar de ter altos índices deste hormônio no sangue. O investigador do instituto, Marc Claret explicou hoje em entrevista coletiva que "cada caso de obesidade é diferente, mas a maioria dos obesos apresenta resistência à ação da leptina". A descoberta pode levar ao desenvolvimento de medicamentos que regulem esta função, preferível às técnicas cirúrgicas invasivas. Considerada uma epidemia no Brasil, a obesidade mata no mundo todo, segundo a OMS, 2,8 milhões de pessoas por ano, e ainda não existem remédios considerados eficientes e seguros o suficiente para ajudar a combatê-la. Os cientistas confiam que conhecer melhor os mecanismos moleculares que provocam este problema ajudará no futuro a encontrar a pílula contra a obesidade.
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