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Quinta-feira, 18 de julho de 2024

Notícias | Ciência & Saúde

Especialistas condenam perda de peso por desidratação

A morte do lutador de MMA Leandro Caetano de Souza, conhecido como Leandro Feijão, de 26 anos, levanta questionamentos sobre a prática de perda de peso por desidratação, como ele vinha fazendo para entrar na categoria mosca.


O laudo do IML diz que o lutador sofreu um AVC hemorrágico e que houve uma evolução de uma doença pré-existente. A família, no entanto questiona essa conclusão e associa a morte à forma de preparação adotada pelo rapaz.

Especialistas ouvidos pelo G1 condenam a prática da desidratação. “Nunca faça isso, em nenhuma circunstância”, afirma o médico Nabil Ghorayeb, especialista em cardiologia e medicina do esporte. “Desgasta muito o corpo. É uma agressão metabólica”, concorda Mirtes Stancanelli, nutricionista do esporte e professora da Unicamp.

Entre as táticas para “secar” estão o uso de diuréticos, embrulhar-se em material plástico para suar, ingerir água destilada para diminuir a concentração de sais no sangue, entre outras. No caso de Feijão, ele chegou a desmaiar enquanto estava na sauna, segundo seu treinador, André Chatuba.

"O atleta que estava com ele contou que ele já tinha perdido 4 quilos e faltavam só 900 gramas para atingir o peso ideal, que na categoria mosca era de 57 quilos. No meio da sauna ele desmaiou. Ninguém sabe o que aconteceu. Ele era um sujeito forte e saudável. A gente sabe que perder peso assim não é saudável, mas o esporte exige sacrifícios", disse Chatuba.

Uma tia dele contou que Feijão pediu para tomar soro na quarta-feira (25) porque se sentia fraco, mas não queria comer para não ganhar peso. Afirmou também ter ouvido de colegas do lutador morto que ele teria tomado remédio com efeito diurético para ajudar a eliminar líquido.

Efeitos
Ghorayeb considera esse tipo de prática “um absurdo”. “Tem que ficar claro que o que se está perdendo é líquido”, explica. A desidratação deixa o sangue mais espesso, pode causar trombose e até a morte por diminuição de potássio e de sódio, com uma parada cardíaca. “As células cardíacas precisam disso, e se não tiverem a quantidade certa, o coração simplesmente desliga”, aponta o médico.

A prática de exercícios numa situação de desidratação também oferece o risco de uma hipertermia (hiperaquecimento), ressalta o médico. Mirtes Stancanelli explica que o aquecimento excessivo do corpo causa uma desnaturação das proteínas, como as enzimas, prejudicando o metabolismo. “Dificulta processos importantes de gerar energia, até para coisas simples”, explica. Assim, a desidratatção pode levar a um aumento dos batimentos cardíacos, diminuir a concentração, a capacidade de raciocínio e os reflexos, alerta a especialista.
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