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Quinta-feira, 18 de julho de 2024

Notícias | Ciência & Saúde

Doença de Genoino pode piorar com estresse, avaliam médicos

A doença vascular do deputado licenciado José Genoino (PT-SP) é grave e situações de estresse podem trazer risco de piora, de acordo com especialistas ouvidos pelo G1. Eles tiveram acesso ao laudo sobre o estado de saúde do parlamentar do PT feito por médicos legistas da Polícia Civil do Distrito Federal. O petista foi preso no último sábado (16) junto com outros réus condenados no processo do mensalão, entre eles o ex-ministro José Dirceu.

Nesta quinta (21), Genoino passou mal e foi levado da penitenciária da Papuda, em Brasília, para o Instituto de Cardiologia do DF. O presidente do STF e relator do processo do mensalão, ministro Joaquim Barbosa, determinou que Genoino fosse submetido à avaliação de uma junta médica da UnB. O resultado servirá de base para que ele decida se atenderá ao pedido da defesa de Genoino de cumprimento da pena em prisão domiciliar.
“Ele tem uma doença vascular grave, avançada, e está no pós-operatório recente de uma cirurgia muito grande”, diz o cardiologista João Fernando Ferreira, diretor da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp). Segundo ele, estar submetido a uma situação de grande estresse, como a prisão, pode trazer riscos de piora. “Ele precisa de monitoramento e cuidado médico próximo.”
O laudo médico de José Genoino
Quadro
Caracterização
Hipertensão arterial sistêmica
Pressão arterial elevada, acima de 12 por 8
Dislipidemia
Níveis altos de colesterol ou triglicérides
Insuficiência vascular periférica
Falha na irrigação sanguínea dos membros inferiores
Pós-operatório de
cirurgia para tratar caso de dissecção da aorta
Situação em que o sangue penetra no interior da parede da aorta, o que pode facilitar o rompimento da artéria
A situação mais grave relatada pelo laudo, de acordo com especialistas, é o fato de Genoino ter se submetido, em julho, a cirurgia para tratar um caso de dissecção da aorta. Segundo o médico Abrão Cury, cardiologista do Hospital do Coração (HCor), trata-se de “uma doença grave, uma situação que configura emergência”. Cury observa que as considerações se referem à doença de maneira geral, e não especificamente ao caso de Genoino.
Ferreira explica que a aorta é uma grande artéria que sai do coração, de onde partem os ramos que levam o sangue para os tecidos do corpo. A estrutura da parede da aorta tem três camadas, para aguentar a pressão do bombeamento do sangue. A dissecção da aorta ocorre quando o sangue se desvia do interior da artéria para o interior da parede e passa a correr entre as camadas dessa estrutura. “É uma doença que tem uma mortalidade altíssima, das doenças vasculares mais graves que existem.”
A cirurgia para tratar o problema envolve o implante de uma prótese no local onde começou a dissecção, para isolar a área e prevenir que a aorta se rompa.
Hipertensão e colesterol alto
O laudo menciona que Genoino tem um histórico de hipertensão e de dislipidemia. Este último quadro é caracterizado por níveis altos de colesterol ou triglicérides, ou ambos, de acordo com Cury. “Esses pacientes apresentam distúrbio no metabolismo dessas substâncias e o controle é feito por meio da dieta – evitando ingestão de alimentos com maior teor de gordura animal e carboidratos – e também por medicamentos”, diz o médico.
Cury explica que tanto a hipertensão quanto a dislipidemia são caracterizadas pelo aumento do risco de desenvolver doenças nas artérias. A associação dessas doenças, portanto, pode ter contribuído para o quadro de dissecção da aorta.
Insuficiência vascular periférica
Outra condição mencionada pelo laudo é a insuficiência vascular periférica, caracterizada por problemas nas artérias ou veias que irrigam os membros inferiores ou superiores. A situação também é mais comum em pacientes com hipertensão e dislipidemia. Segundo Ferreira, Genoino provavelmente deve estar sendo tratado com anti-hipertensivos e anticoagulantes.
“Tem determinados tipos de anticoagulante, cuja dose tem que ser controlada por exames de sangue. A cada duas semanas, por exemplo, deve-se colher o exame para monitorar a resposta do remédio e fazer ajustes”. Caso não haja o controle regular, de acordo com Ferreira, há risco de sangramento.
O controle da alimentação também é essencial nos cuidados para esse tipo de paciente, segundo os especialistas: são recomendados alimentos com pouco teor de sal e de gordura. Fazer atividades físicas regularmente, controlar o peso, não fumar e não beber álcool em exagero também são hábitos que devem ser adotados, além da redução do nível de estresse.
“Sabemos que essas situações liberam muita adrenalina no sangue, aumentam a frequência cardíaca e a pressão arterial. Em um indivíduo previamente doente e no pós-operatório, a presença de estresse pode ser prejudicial. É um indivíduo que necessita de cuidados realmente rígidos”, diz Ferreira.
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