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Sábado, 27 de julho de 2024

Notícias | Ciência & Saúde

Gripe suína

Marido de vítima aponta falhas no atendimento em Rondonópolis

O marido de Sirlete Silva Souza Amaral, de 32 anos, que morreu no último sábado (22) com suspeita de ter contraído a gripe A (H1N1) concedeu ontem entrevista ao Olhar Direto e reclamou do atendimento recebido pela esposa no Pronto Atendimento Municipal de Rondonópolis.

O marido de Sirlete Silva Souza Amaral, de 32 anos, que morreu no último sábado (22) com suspeita de ter contraído a gripe A (H1N1) concedeu ontem entrevista ao Olhar Direto e reclamou do atendimento recebido pela esposa no Pronto Atendimento Municipal de Rondonópolis.


Sirlete entrou em óbito por volta das 05h00 de sábado, em Toledo (PR), município localizado a cerca de 500 km de Curitiba no oeste do Estado, enquanto acompanhava seu marido, Adelar do Amaral, de 40 anos, que é caminhoneiro. O casal e dois filhos, um de um ano e sete meses e outro de três, dormiam na cabine do caminhão da empresa em que Adelar trabalha, enquanto aguardavam na fila da Sadia para a descarga do milho que transportaram de Campo Verde a Toledo.

Conforme relatou Adelar, a esposa sentia dores e durante a noite ele acordou várias vezes para ver o estado dela. “Perto das 05h00 acordei denovo e senti que ela estava gelada”, contou emocionado. O motorista procurou a ajuda dos colegas que também aguardavam na fila. “Comecei a acordar todo mundo pedindo ajuda e depois disso ninguém mais dormiu”, disse.

Sirlete foi atendida no PA na quarta-feira (20) de madrugada. Ela permaneceu internada e foi liberada às 17h00 do mesmo dia. Segundo Adelar, ela sentia dores no peito e tossia muito, com sangue, estava com febre e dificuldades para respirar. Ao chegar no PA foi internada, recebeu soro e inalação e antes de ser liberada, foi medicada com amoxilina. O marido contou ainda que o médico apontou princípio de bronquite na paciente, mas que não era necessário continuar no hospital.

Adelar acredita que a esposa não foi atendida adequadamente e por isso o quadro se agravou. “Aqui não tem um bom atendimento de saúde, médico aqui não tem”, reclamou Adelar. Ele disse que os médicos que acompanharam o caso em Toledo disseram que sua esposa não poderia ter sido liberada em Rondonópolis. “Eles disseram que era grave, que teria que ter ficado internada com certeza”, afirmou.

Adelar se mostrou revoltado com a situação e contou que está aguardando o laudo do IML de Toledo para fazer uma denúncia no Ministério Público. “Quero justiça, minha família agora está toda separada. Eu não sei o que vai ser da minha vida”, desabafou o motorista.

Além dos filhos menores, o casal tem mais uma criança, de 11 anos, que durante a viagem ficou em Rondonópolis. A família mora no bairro Pedra 90 e não tem parentes na cidade. Os filhos que estavam juntos na viagem não retornaram para Rondonópolis porque, segundo o pai, não teria como cuidar deles. “Deixei eles com minha irmã em Xanxerê, Santa Catarina”, afirmou. Adelar disse que pretende procurar a imprensa para fazer um apelo à população do município. “Vou pedir ajuda para buscar meus filhos, nem sei como vamos viver daqui pra frente”.

O caminhoneiro elogiou o atendimento recebido em Toledo, após a morte de sua mulher. “Fomos acompanhados por assistente social, duas psicólogas e duas funcionárias que cuidaram das crianças enquanto eu resolvia tudo. A saúde daqui deveria ir aprender com eles”, apontou. Ainda na cidade paranaense Adelar e os filhos receberam o medicamento Tamiflu, indicado para o novo vírus.

O outro lado

Segundo Alencar Libano de Paulo, gerente do Departamento de Saúde Coletiva de Rondonópolis, o protocolo do Ministério da Saúde afirma que não é necessária a internação em casos da nova gripe e que os pacientes são orientados a manter repouso e ter uma boa alimentação.

Ele explicou que Sirlete recebeu o atendimento no PA, tinha sintomas de gripe e passou por exames de raio-x toráxico e hemograma completo. “O médico plantonista observou poucas alterações. O que não justificava a necessidade de internação. Portanto, ela foi liberada. Se ela tivesse avisado que iria viajar, certamente os médicos não recomendariam. O ideal seria permanecer em repouso”, avaliou o gerente.

A Secretaria Municipal de Saúde informou, por meio da assessoria de comunicação da prefeitura, que está desenvolvendo novas ações para o combate à nova gripe. “A Secretaria de Saúde, por meio do Departamento de Vigilância Epidemiológica de Rondonópolis, intensificou os trabalhos no controle do vírus e monitoramento dos casos, criando um plano de contingência no município. O setor de vigilância elaborou um cronograma de orientação com a distribuição de panfletos educativos nas escolas e Unidade Municipal de Educação Infantil (Umeis), além de realizar palestras com a proposta de esclarecer o que é o vírus da gripe H1N1”, diz o texto.
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