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caos na saúde

Olhar Direto tem acesso ao Pronto Socorro de Cuiabá; confira

09 Nov 2009 - 16:33

Da Redação - Priscilla Vilela e Jardel Arruda


O site Olhar Direto teve acesso, com exclusividade, a todas as salas do HPSMC (Hospital e Pronto Socorro Municipal de Cuiabá). A visita ocorreu em meio ao caos em que se encontra a saúde pública na grande Cuiabá. Obras no hospital, reivindicações e demissões da categoria médica apimentam a situação. Durante a visita, médicos favoráveis e contrários ao movimento demissionários se manifestaram à reportagem.

A chefe de enfermagem do HPSMC, Iracema Paulino de Alencar, afirma que o que tem prejudicado o atendimento na principal referencia de urgência e emergência da capital tem sido as demissões do médicos, desmentindo as alegações do Sindmed (Sindicato dos Médicos), que culpam a falta de um plano de contingenciamento para a reforma do Pronto Socorro como principal causa do caos na saúde.

Logo no início da visita, foram conferidas as escalas de plantões no Pronto Socorro. De fato, ela está desfalcada, e em alguns dias da semana não há médico para determinadas especialidades em nenhum horário. Exemplo disso é o box de emergência, sem médico nas manhãs de sexta-feira, ou o pronto atendimento infantil, vazio em período integral também às sextas .

“Não é a reforma que está atrapalhando, e sim à escala de demissão. A escala está desfalcada.”, reforçou Iracema, enquanto mostrava o quadro de plantonistas. Segundo ela, para um hospital que atendeu em outubro uma média de 378 pessoas por dia só na emergência, as demissões causam um grande impacto.

Atualmente, apenas pacientes que chegam em ambulâncias ou em carros oficiais estão sendo atendidos no HPSMC. Nos muros do hospital estão escritos os números de telefone das policlínicas espalhadas pela cidade, para onde a população deve ir para ser atendida em caso de emergência.

Pelos corredores

Após conferir a escala de plantonistas, a equipe do Olhar Direto percorreu todo o Pronto Socorro. Vários recintos que antes serviam para guardar equipamentos ou estavam desativadas foram desocupadas para se transformar nas salas que estão sendo usadas agora.

As enfermarias, inclusive, foram todas improvisadas nesses cômodos. Fato curioso é que um deles era utilizado por uma agência bancária. Tudo muito limpo, organizado e vazio, contrastando com a realidade do Pronto Socorro de Várzea Grande.

Quanto as unidades de tratamentos intensivos, tanto a pediátrica quanto a adulta, estavam em pleno funcionamento. Havia até mesmo alguns leitos vazios.

Durante a visita, alguns funcionários falavam sobre o movimento demissionário. Quase todos concordavam com as reivindicações, mas criticavam as demissões. “Eles deixaram a responsabilidade toda nas nossas costas”, disse um deles.

Box e P.A

O pronto atendimento (P.A) é o setor mais afetado na reforma. A área que era destinada a essa função é a que passa por reparos, e por isso o setor teve que ser totalmente remanejada. Neste caso, o P.A foi levado para dentro do Box de emergência, onde estão funcionando em conjunto.

“Quando a reforma estiver pronta, o P.A continuará funcionando junto ao trauma. Esse é o fluxo recomendado pelo Ministério da Saúde no QualiSUS.”, explicou Iracema enquanto mostrava a divisão de espaço entre ambos. Tudo parecia muito apertado, mas haviam poucos pacientes no local.

Até mesmo a sala de reanimação, conhecida como ‘sala vermelha’ foi mostrada ao Olhar Direto. Sem pacientes, sem emergências, o local nada se assemelhava as descrições feitas pelos médicos.

O outro lado

No centro cirúrgico, o Olhar Direto teve acesso à todas as salas de cirurgia e pode ouvir um médico simpatizante do movimento demissionário. O anestesista Ireno, que preferiu não soletrar o sobrenome de origem oriental, devido a sua complexidade.

Ele confirmou que os atendimentos estão comprometidos devido a falta de médicos no plantão, mas expressou admiração pelos companheiros de profissão que tiveram coragem de se demitir. “Eles são verdadeiros heróis por se demitirem para buscar condições de trabalho e uma solução para o nosso salário”, afirmou.

Segundo Ireno, vários médicos que se demitiram possuíam mais de três vínculos, e, portanto abdicaram de uma remuneração a cerca de R$ 10 mil. “Eles também tem filhos e casa para sustentar, não é fácil. Apesar de terem essas remunerações, iam se aposentar com R$ 800”.

Quando perguntado sobre as condições de serviço oferecidas no Pronto Socorro, ele foi sucinto e disse que eram poucas, mas, que o trabalho realizado era “fenomenal”. “As pessoas que vem de fora não imaginam o trabalho que acontece aqui nessas salas de cirurgia”, afirmou o médico apontando os equipamentos na sala A, onde são feita os procedimentos de emergência.

“Alguns equipamentos são velhos. Agora chegaram alguns novos, mas ainda não estão sendo usados. Eu disso para o Huark (diretor do Pronto Socorro) que eles não podem ficar parados tem que ser usados”, declarou.

“O que não pode é essa briguinha de um dizer que não tem e o outro dizer que tem. Se tem, tem que usar”, completou, se referindo a uma polêmica a respeito dos equipamentos do centro cirúrgico, quando os médicos demissionários acusaram a falta de aparelhos e a gestão municipal rechaçou a hipótese.
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