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Sexta-feira, 26 de julho de 2024

Notícias | Ciência & Saúde

Pediatras demoram para detectar problemas

Pais geralmente são os primeiros a detectar se a criança

demora a começar a falar, mas esperam diagnóstico do pediatra.
Um artigo publicado por um grupo de fonoaudiólogos da Faculdade de Odontologia de Bauru da USP (Universidade de São Paulo) concluiu que as crianças que apresentam problemas no desenvolvimento da fala e da linguagem costumam ser encaminhadas tardiamente a especialistas por seus pediatras.

Para a fonoaudióloga e professora da FOB, Simone Aparecida Lopes-Herrera, uma das coordenadoras do estudo, essa atitude por parte dos médicos significa falta de preparo para diagnosticar problemas na fala e na linguagem de seus pacientes.

A fonoaudióloga afirma que os pediatras costumam encaminhá-los somente depois dos três anos de idade. Tal atitude pode fazer a criança demorar para começar a falar ou desenvolver distúrbios fonológicos (troca de sons ao falar).

Diante destes casos, Simone conta que é até comum os pais perceberem o problema, mas como esperam um diagnóstico por parte do pediatra, também não levam o filho a um especialista.

- Os pais geralmente são os primeiros a detectar se a criança demora para começar a falar, ou não fala corretamente. E, em muitas vezes, o pediatra diz que ainda não é possível afirmar se há um problema. Mas em crianças de qualquer idade nós, fonoaudiólogos, temos como avaliar isso, diz.

No estudo, foram avaliados 79 pediatras por meio de um questionário específico com perguntas sobre as etapas do desenvolvimento da comunicação infantil e a forma de atuação dos profissionais nesses casos. Cerca de 90% dos entrevistados mostraram "preocupação" com a idade que a criança deve falar corretamente. Outra questão avaliou a preferência dos profissionais ao encaminhar os pacientes para outro médico especializado: 45,56% deles para otorrinolaringologista, 30,38% para neurologista, e apenas 15,19% afirmam encaminhar o paciente diretamente para o fonoaudiólogo.

A pesquisa também afirma que a maioria dos pediatras não sabe distinguir fala de linguagem, o que é importante para quem trabalha com saúde infantil. A fonoaudióloga explica que a linguagem diz respeito à capacidade de representação, e a fala, da expressão.

- Se eu digo ‘carro’, você consegue imaginar o que eu falo, você compreende o código. Isso está no domínio da linguagem. Agora, se uma criança diz ‘calo’, quando eu mostro um carro para ela, ela compreendeu a mensagem e pode estar apresentando um problema de fala. Quem tem condições de diagnosticar se o problema é de fala ou de linguagem é o profissional habilitado a isto, o fonoaudiólogo.

A incapacidade do médico de fazer essa distinção, segundo Simone, pode incorrer em grandes erros.

- Uma criança com autismo, por exemplo, muitas vezes sabe pronunciar as palavras perfeitamente, isto é, ‘fala bem’, mas tem problemas na hora de entender o significado do que fala.

A professora considera que os pediatras deveriam ter uma formação inclinada ao desenvolvimento da fala e da linguagem infantil em suas especialização. "Nós observamos que eles não estão bem preparados, e a comunicação influi em toda a vida da criança, seja nas relações sociais, seja no aprendizado".


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